São Paulo, sexta-feira, 06 de fevereiro de 2004

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NO AR

Descontrole

NELSON DE SÁ
EDITOR DE ILUSTRADA

Num dia, Marta bate boca no meio da enchente, diante das câmeras. No outro, ela volta à região e quase recebe lama, jogada por um morador, diante das câmeras.
As duas seqüências de imagens lembram duas outras, protagonizadas por um outro político, que talvez os tucanos não recordem mais.
Um dirigente local do PSDB disse que vai usar as cenas de Marta para comprovar, na propaganda eleitoral, o "descontrole" da prefeita.
Ele e seu partido precisam, com urgência, de um marqueteiro -agora que deixaram escapar Nizan Guanaes.
Se Geraldo Alckmin se elegeu governador, não foi por seu "controle", mas pelo que herdou de Mário Covas.
Ontem foi inaugurada a nova sede do PSDB. O nome do prédio é Mário Covas.
Mas os tucanos parecem não lembrar o discurso do então governador aos manifestantes, diante do palácio, quando foi atingido por um ovo e enfrentou os agressores.
Nem lembram a caminhada do então governador na praça da República, quando sofreu com a violência dos manifestantes e reagiu.
Talvez o PSDB de hoje pense que era só populismo.
Certamente foram reações temerárias. Mas Marta e outros petistas empedernidos aprenderam com Covas.
Os tucanos querem esquecer.
 
Das cenas de rua às entrevistas ao vivo para Cidade Alerta e, de manhã cedo, Globo, Marta está em toda parte.
Faz o que esperam dela e se previne para a eleição, daqui a sete meses.
Mas seu marqueteiro, seja ele Duda Mendonça ou um outro, deveria ter pensado duas vezes antes de liberar a nova safra de comerciais.
Eles ocuparam os intervalos com terminais de ônibus e outras obras. Soou estranho, diante do problema mais imediato das enchentes. Mas ruim mesmo foi o slogan:
- Fazendo uma cidade melhor para todos.
Não cai nada bem, sobretudo ao se pensar que são comerciais pagos com o dinheiro do IPTU -como diria a dentista.
 
"Descontrole" quem mostrou foi Lula. Ele brincou, a repórter riu, mas foi grotesco.
Da jornalista, tentando uma pergunta, ontem:
- Ô, presidente, agora que o senhor comeu...
E Lula, pondo uma castanha na boca da repórter:
- ... Ocupa a boca com uma castanha, vai.
Risos, risos.


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