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SALÁRIO
Presidente do Senado defende valor reduzido para parlamentares e fim das aposentadorias acumuladas
ACM quer teto menor para Congresso
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
O presidente do Senado, Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA),
quer deixar apenas para o Poder
Judiciário o desgaste político provocado pelo aumento do teto (fixado em R$ 11,5 mil) e acúmulo
de aposentadorias.
Com o novo teto e o acúmulo de
aposentadorias, os maiores salários do setor público podem atingir R$ 23 mil, cerca de 169 vezes o
valor do salário mínimo vigente
no país -R$ 136.
Ontem, em Salvador (BA),
ACM defendeu a concessão de
um teto diferenciado para o Congresso e a suspensão das aposentadorias acumuladas.
"Por mim, podemos acabar
com o acúmulo de aposentadorias, a não ser nos casos previstos
pela Constituição. O próprio presidente Fernando Henrique Cardoso já disse várias vezes que abre
mão de sua aposentadoria como
professor universitário."
Envergonhados
Segundo ACM, a proposta de fixar um teto menor para o Congresso surgiu depois que muitos
deputados e senadores disseram
que ficaram envergonhados com
a fixação do novo teto salarial.
"Se é assim, podemos manter o
atual salário (R$ 8.000). Também
podemos reajustá-lo, utilizando-se um índice menor do que o empregado para fixar o teto do Judiciário", disse o presidente do
Congresso, em seu apartamento,
na Graça (centro da capital).
Em caso de reajuste, os salários
dos deputados e senadores deverão ser fixados em R$ 10,8 mil.
"Com a manutenção dos salários ou a fixação de um teto menor para o Congresso, nós estaremos dando uma satisfação à sociedade", ressaltou ACM.
O senador disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso e
o presidente da Câmara, Michel
Temer (PMDB-SP), também
apóiam a sua proposta. "O presidente (FHC) e o deputado Temer
sempre defenderam um índice
menor para a correção do teto."
Procurado pela Folha, o presidente da Câmara, Michel Temer,
disse ontem "estar de acordo"
com a proposta de ACM. "A idéia
de fixar o teto do Legislativo abaixo dos R$ 11,5 mil tem o meu
apoio", disse Temer.
Na semana passada, o deputado
disse que o teto -acertado entre
os três Poderes- era automático
para os parlamentares.
Insatisfeitos
Antes de participar de um encontro com executivos da Ford no
Palácio de Ondina (residência oficial do governo baiano), ACM
voltou a criticar o Judiciário.
"Alguns juízes estão insatisfeitos com o valor do novo teto para
o serviço público. Se eles acham
pouco ou não, vão ter que se contentar com isso. Se nós queremos
fixar um teto menor para os parlamentares, isso é sinal de apreço
ao Judiciário, mas não de submissão", acrescentou ACM.
Na opinião do presidente do
Congresso, o governo "não deve
tomar conhecimento" caso os
magistrados decidam fazer greve
antes de 1º de maio, quando entra
em vigor o novo salário mínimo.
Anteontem, o presidente da
Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil), Fernando da
Costa Tourinho Neto, disse que a
categoria pode entrar em greve se
a liminar que concedeu auxílio-moradia ao Judiciário for cassada
antes de 1º de maio.
"O governo não deve tomar conhecimento (da greve). Eu não
acredito em paralisação, já que
eles (os juízes) ganharam um teto
privilegiado. Agora, o que eu não
posso aceitar é a concessão de auxílio-moradia a quem tem casa e
ganha muito bem", disse ACM.
O presidente do Congresso
também disse que o presidente
Fernando Henrique Cardoso está
disposto a conceder um reajuste
diferenciado para o salário mínimo, que será decidido em abril.
"É justo que se diga que o presidente Fernando Henrique Cardoso sempre lutou para dar um aumento real para o salário mínimo.
Ele (FHC) já se comprometeu em
diminuir as desigualdades sociais
do Brasil", disse o senador baiano. O PFL, partido de ACM, defende um salário mínimo de US$
100 (cerca de R$ 177).
No final da tarde de ontem,
ACM deveria comparecer ao camarote oficial do governo baiano,
no Campo Grande (centro). O senador seria homenageado pelos
Filhos de Gandhy, o mais tradicional bloco de afoxé da Bahia.
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