São Paulo, quarta-feira, 06 de março de 2002

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CRISE NA SUCESSÃO

Decisão pode interromper a cobrança temporariamente

PFL impede que emenda do imposto do cheque vá a voto

DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PFL decidiu, após pressão da governadora Roseana Sarney (MA), não permitir nesta semana a votação da emenda que prorroga a cobrança da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira).
A pressão da governadora mudou a disposição do partido, anunciada anteontem, de não deixar a crise entre PFL e governo interferir nas votações no Congresso. Em reunião com deputados e senadores, Roseana disse que retiraria sua candidatura à Presidência se o partido não a apoiasse.
O partido tem a maior bancada na Câmara -95 dos 513 deputados- e, sem o partido, o governo corre o risco de ser derrotado na votação. A votação em segundo turno estava marcada para hoje.
"Ela deixou claro que só sairia candidata se o PFL, unido, demonstrasse apoio. O PFL está solidário a essa candidatura. Se fraquejar, o partido sofrerá danos irreparáveis", afirmou o deputado Pauderney Avelino (PFL-AM).
A crise foi provocada pela operação de busca da Polícia Federal, cumprindo determinação judicial, na empresa Lunus, de Roseana e de seu marido, Jorge Murad.
Anteontem, após reunião com o presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro da Previdência, Roberto Brant (PFL), disse que o partido votaria o projeto da CPMF. O líder do partido no Senado e vice-presidente do PFL, Agripino Maia (RN), também declarou que a crise política não atingiria a votação da emenda.
A posição do partido foi alterada depois do encontro de ontem com a governadora. O líder do PFL na Câmara, Inocêncio Oliveira (PE), anunciou oficialmente ao líder do governo, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), que o partido não votaria o projeto nesta semana.
"Se votarmos, vai parecer que não há crise", disse Inocêncio. "A gente precisava marcar posição. Se não fizéssemos isso, iriam nos levar na chacota", disse Pauderney, vice-líder do PFL na Câmara.
A decisão final, para Inocêncio, caberá à Executiva do PFL, que deverá definir amanhã se romperá ou não com o governo. Inocêncio afirmou que, mesmo que o PFL saia do governo, votará posteriormente a favor da emenda.
Madeira, o ministro Arthur Virgílio (Secretaria Geral) e o presidente da Câmara, Aécio Neves (PSDB-MG), tentaram a conciliação. "Vamos conversar e não acentuar o conflito. Não há como votar a emenda sem a maior bancada", afirmou Madeira.
"As candidaturas passam e o Brasil fica. Interromper a votação agora não seria um bom serviço para o país", disse Aécio.
Com a decisão do PFL, a cobrança da CPMF deverá ser interrompida em 16 de junho, ao menos temporariamente. Não haverá mais tempo para que a Câmara vote a emenda em segundo turno e que o Senado, mesmo cortando prazos, aprove a emenda em dois turnos a tempo de evitar a suspensão da cobrança do tributo.
Com a interrupção da CPMF, o governo prevê que deixará de arrecadar R$ 400 milhões por semana . Para entrar em vigor, a emenda precisa ser promulgada 90 dias antes, dia 18 de março.



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