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São Paulo, quinta-feira, 06 de março de 2003

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GOVERNO LULA

Genoino defende mudança para viabilizar apoio dos governadores às reformas da Previdência e tributária

PT agora prega oposição "light" nos Estados

Sérgio Lima - 11.fev.2003/Folha Imagem
O presidente do PT, José Genoino, que propõe oposição 'civilizada'


GUSTAVO PATÚ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Preocupado em consolidar o apoio dos governadores às reformas previdenciária e tributária, o comando do PT passou a pregar uma "oposição civilizada" nos Estados em que o partido está alijado do poder.
Em bom português, a cúpula petista quer que seus deputados estaduais pratiquem o mesmo tipo de oposição que o governo Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de encarar no Congresso -algo bem mais brando, certamente, que a conduta tradicional do PT.
"A ação oposicionista do PT em determinados Estados deve levar em conta o fato de que interessa ao projeto nacional do governo o apoio institucional de governadores de oposição", diz o presidente nacional do PT, José Genoino (SP), em artigo publicado ontem no site oficial do partido (www.pt.org.br).
No momento, os governadores formam o grupo de apoio mais sólido às reformas propostas pelo governo, que despertam desavenças até -ou principalmente- entre os políticos aliados ao Planalto. O principal avanço no andamento das mudanças pretendidas na Previdência e no sistema de impostos foi um documento com pontos consensuais genéricos assinado pelo governo e pelos 27 governadores, no mês passado.
O PT comanda apenas três Estados: Mato Grosso do Sul, Piauí e Acre, todos inexpressivos politicamente. Juntando PSB, PPS e PDT, a conta sobe para dez governadores da base de Lula, e um único Estado de peso, o Rio. É fundamental, portanto, o apoio dos oposicionistas.

"Calibrar" a oposição
Já no encontro com Lula em fevereiro, governadores como Aécio Neves (PSDB-MG) cobraram do PT uma contrapartida estadual ao entendimento nacional em torno das reformas.
Também no mês passado, Rosinha Matheus (PSB-RJ), em tese uma aliada de Lula, acusou "radicais" do PT e do PSTU de insuflar protestos de servidores públicos contra seu governo.
Em meio a considerações teóricas, Genoino mostra que compreendeu o recado: "A implementação de uma dinâmica institucional na política brasileira vai exigir que o PT calibre seu modo de agir onde faz oposição a governadores nos Estados", diz o texto divulgado ontem.
A "dinâmica institucional" é o entendimento com os governadores. Por "calibrar" a oposição, entenda-se: "A partir dessa espécie de oposição civilizada, que os novos tempos impõem aos partidos políticos, é preciso que se leve em conta a existência de um acordo institucional em torno de interesses nacionais".
Ou, no que Genoino chama de "evolução política", um debate em que "os governos precisam ser menos arrogantes, e as oposições, menos sectárias".
Os adversários do PT poderão ver nesses trechos um reconhecimento de que o partido cometeu ou comete excessos oposicionistas -não fosse assim, o artigo de Genoino seria desnecessário.
Mas a mensagem mais importante é que, para a cúpula petista, as disputas e estratégias regionais devem se subordinar ao projeto político maior do partido, que é viabilizar o sucesso do governo Luiz Inácio Lula da Silva.
E, pelo diagnóstico dominante no governo, esse sucesso -a superação da crise econômica e a ampliação de recursos para a área social- depende da aprovação de uma reforma previdenciária capaz de reduzir o déficit público e de uma reforma tributária destinada a incentivar a produção.


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