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JANIO DE FREITAS
A violência do mapa
Mapa confiável da violência não é um conhecimento que os brasileiros possam esperar para um futuro razoável
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O MAPA DA Violência no Brasil,
feito sob a chancela da Organização dos Estados Ibero-Americanos com a colaboração do
Ministério da Saúde, e os meios de
comunicação violentaram a veracidade da estatística criminal, os municípios e a realidade da insegurança
pública. Não, porém, ou sobretudo
não só, em razão dos motivos da Secretaria de Segurança paulista para
a contestação que faz ao Mapa.
Imprensa e TV embarcaram, animadas, na deformação que o estudo
adotou e projetou, por presunção, já
no seu título: Mapa da Violência dos
Municípios Brasileiros. A estatística
e seu noticiário não trataram, como
têm dito, da violência. O Mapa ocupou-se, na medida do possível, de
mortes violentas, ou do que assim é
chamado.
A maior contribuição para a insegurança pública, no entanto, nos
centros maiores parece advir, apesar da força traumática de certas
mortes provocadas, de outras violências mais disseminadas, no dia-a-dia, contra a população. Assaltos à
pessoa, roubos armados de automóveis, assaltos a moradias, seqüestros
relâmpagos, arrastões em engarrafamentos, estas, e ainda várias outras, são formas de violência que nos
desassossegam a qualquer tempo e
em qualquer situação na quase totalidade de nossas cidades médias e
grandes. Mas não foram incluídas
no Mapa da Violência. Que teve razões de finalidade para não as incluir, não para lhes usar a denominação genérica e farta no título, cuja
impropriedade enganosa o noticiário multiplicou.
Mapa confiável da violência não é
um conhecimento que os brasileiros
possam esperar para futuro razoável. Os levantamentos são traídos
por duas forças equivalentes. Ressaltou-se há pouco, por intermédio
do caso em que o ministro Guido
Mantega foi uma das vítimas, a preferência de muitos assaltados por
não registrar o fato, defendendo-se
de vinganças possíveis. De assaltos
menores, então, nem se fale, tal é a
força do conformismo com a inutilidade. De outra parte, contra as estatísticas realistas interferem as próprias polícias, com métodos estatísticos diferentes, descuido e, com freqüência imaginável, omissões deliberadas e adulterações.
A informação fornecida pelos
meios de comunicação não é muito
melhor, para refletir a realidade. É
cada vez mais incompleta, com a engraçada tese de que o leitor de hoje
não mais deseja notícias de atualidade, recebidas pela TV e pela internet
-tão ou mais incompletas, ligeiras e
deformadoras, pelo sensacionalismo barato, do que a imprensa que as
admira. Além disso, em grande parte, e sob certas situações no total
mesmo, esse noticiário é adaptado a
objetivos políticos, ou outros, de
muitos jornais e emissoras.
O que sobra de mais confiável, para a percepção de um mapa da violência real, é o sentimento de cada
vítima, possível ou consumada, gentilmente proporcionado por cada
bandido, efetivo ou imaginado.
Lula
Geddel Vieira Lima como ministro ainda é inacreditável. Geddel
Vieira Lima com o rico Ministério
da Integração Nacional não comporta adjetivo. Mais uma evidência
de que estatísticas da grande violência não são confiáveis.
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