LUIZ ANTÔNIO RYFF
da Sucursal do Rio


Um dia depois de o governador de Minas Gerais dizer que não existe bloco de oposição, o governador do Rio, Anthony Garotinho (PDT), ironizou a presença de Itamar Franco (PMDB) na capital fluminense.
""Eu estou a trabalho, não passeando. Ele não fez nenhum contato comigo, e não tenho tempo para comer pão de queijo. Tenho que trabalhar", disse Garotinho, ao responder se havia sido procurado pelo ex-presidente.
Itamar Franco, que está no Rio desde quarta-feira e só volta a Belo Horizonte hoje de manhã, se recusou a comentar a declaração. Seu assessor de imprensa, Lester Moreira, disse que o governador não iria "responder a essa bobagem".
Nos três dias em que ficou no Rio, Itamar teve três compromissos: foi homenageado na Assembléia Legislativa, recebeu um grupo de militares reformados solidários à moratória mineira e, ontem, deu uma conferência sobre ""Crise econômica e sua repercussão política" na UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Itamar está acompanhado por sete auxiliares. Lester Moreira disse que o governo de Minas pagaria apenas duas estadas: a dele mesmo e a de um ajudante-de-ordem -por isso, oficialmente, o hotel cobraria R$ 2.502, sem extras. A diária da suíte ""master floor" ocupada por Itamar é de R$ 790. Segundo Moreira, o governador pagará a conta do próprio bolso.
A ironia de Garotinho evidencia as sérias divergências entre os governadores de oposição. É a segunda vez que Itamar viaja ao Rio e não se reúne com o governador.
Ontem, Garotinho anunciou que, na próxima semana, pretende entrar no STF (Supremo Tribunal Federal) contra o Fundef (Fundo Nacional de Desenvolvimento do Ensino Fundamental). Segundo ele, o fundo deveria ser regulamentado por lei estadual, o que não ocorreu. O Rio perde R$ 35 milhões por mês, afirmou.
Durante a conferência de Itamar no campus da UFRJ na Praia Vermelha (zona sul), o secretário da Fazenda de Minas, Alexandre Dupeyrat, avisou que pretende reivindicar os mesmos benefícios que forem obtidos pelo Rio Grande do Sul e pelo Rio -que reabriram negociações com o governo federal sobre as dívidas estaduais.
""Como tenho um documento que diz que tudo o que for concedido a outros Estados tem que ser concedido a Minas, eu não preciso nem gastar uma passagem a Brasília", disse Dupeyrat.
Ao sair do campus, Itamar foi beijado na mão por José Alves de Moura, português que ficou conhecido como ""Beijoqueiro".


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