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Sindicalista acusa sem-terra de desvio
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador
A promotoria do Incra (Instituto
Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na Bahia está investigando denúncias de desvio de verba feitas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de
Wenceslau Guimarães (BA), Gilson dos Santos Gomes, contra dirigentes regionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra).
Segundo Gomes, os dirigentes do
MST Rosalvo José dos Santos e
Oronildo Lores da Costa teriam
desviado verbas destinadas ao custeio agrícola de oito assentamentos de Wenceslau Guimarães para
financiar atividades do MST.
""De 97 até hoje, o Incra liberou
R$ 5,1 milhões para os assentamentos de Wenceslau Guimarães.
Acredito que pelo menos metade
do dinheiro tenha sido desviado
para a montagem de uma rádio pirata, compra de carro de som e para a promoção de manifestações
do movimento", disse Gomes.
O sindicalista disse que Rosalvo
José dos Santos teria falsificado
sua assinatura para solicitar liberação de verbas do Incra. ""Rosalvo
era tesoureiro do sindicato, mas eu
o demiti logo que descobri os documentos falsificados", disse.
O presidente do Sindicato dos
Trabalhadores Rurais de Wenceslau Guimarães também acusa os
dirigentes do MST de tê-lo ameaçado de morte e de agressão física.
Segundo ele, 26 famílias de trabalhadores rurais deixaram nesta
semana o assentamento ""Che Guevara", a dois quilômetros de Wenceslau Guimarães, após um conflito com os dirigentes.
""O MST quer que os assentados
trabalhem nas roças comunitárias
sem ganhar nada e ainda exigem
30% do que as famílias produzem
em seus próprios lotes de terra",
disse Gomes.
O delegado de Polícia de Wenceslau Guimarães, Mário Fagundes da Silva, disse que apenas um
trabalhador rural prestou queixa
contra os líderes do MST. Segundo
o delegado, o trabalhador chegou
até a delegacia com marcas de foice
nas costas, mas não retornou para
fazer o exame de corpo e delito recomendado pela polícia.
Outro lado
A Agência Folha não conseguiu
localizar ontem os dois dirigentes
acusados pelo sindicato.
O coordenador nacional do MST
na Bahia, Valmir Assunção, negou
que os dirigentes regionais da entidade tenham agredido os assentados e falsificado a assinatura do
presidente do sindicato para desviar verbas. ""Tudo não passa de
uma disputa política entre o sindicato e os dirigentes do MST na região", disse Assunção.
O delegado de Wenceslau Guimarães disse que pode haver novo
conflito no município. ""Soubemos
que há representantes do MST armados no local."
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