São Paulo, Sábado, 06 de Março de 1999
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Sindicalista acusa sem-terra de desvio

CHRISTIANNE GONZÁLEZ
da Agência Folha, em Salvador

A promotoria do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na Bahia está investigando denúncias de desvio de verba feitas pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Wenceslau Guimarães (BA), Gilson dos Santos Gomes, contra dirigentes regionais do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Segundo Gomes, os dirigentes do MST Rosalvo José dos Santos e Oronildo Lores da Costa teriam desviado verbas destinadas ao custeio agrícola de oito assentamentos de Wenceslau Guimarães para financiar atividades do MST.
""De 97 até hoje, o Incra liberou R$ 5,1 milhões para os assentamentos de Wenceslau Guimarães. Acredito que pelo menos metade do dinheiro tenha sido desviado para a montagem de uma rádio pirata, compra de carro de som e para a promoção de manifestações do movimento", disse Gomes.
O sindicalista disse que Rosalvo José dos Santos teria falsificado sua assinatura para solicitar liberação de verbas do Incra. ""Rosalvo era tesoureiro do sindicato, mas eu o demiti logo que descobri os documentos falsificados", disse.
O presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Wenceslau Guimarães também acusa os dirigentes do MST de tê-lo ameaçado de morte e de agressão física.
Segundo ele, 26 famílias de trabalhadores rurais deixaram nesta semana o assentamento ""Che Guevara", a dois quilômetros de Wenceslau Guimarães, após um conflito com os dirigentes.
""O MST quer que os assentados trabalhem nas roças comunitárias sem ganhar nada e ainda exigem 30% do que as famílias produzem em seus próprios lotes de terra", disse Gomes.
O delegado de Polícia de Wenceslau Guimarães, Mário Fagundes da Silva, disse que apenas um trabalhador rural prestou queixa contra os líderes do MST. Segundo o delegado, o trabalhador chegou até a delegacia com marcas de foice nas costas, mas não retornou para fazer o exame de corpo e delito recomendado pela polícia.

Outro lado
A Agência Folha não conseguiu localizar ontem os dois dirigentes acusados pelo sindicato.
O coordenador nacional do MST na Bahia, Valmir Assunção, negou que os dirigentes regionais da entidade tenham agredido os assentados e falsificado a assinatura do presidente do sindicato para desviar verbas. ""Tudo não passa de uma disputa política entre o sindicato e os dirigentes do MST na região", disse Assunção.
O delegado de Wenceslau Guimarães disse que pode haver novo conflito no município. ""Soubemos que há representantes do MST armados no local."


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