São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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OPERAÇÃO ABAFA

Lula (PT) é estrela isolada em protesto de sindicalistas e servidores

Oposição reúne 10 mil em ato contra "enterro" da CPI

Beto Barato/Folha Imagem
Manifestantes pró-CPI caminham pelas ruas de Brasília; no destaques, Lula segura uma pizza



LUIZA DAMÉ
DENISE MADUEÑO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ato da oposição a favor da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da corrupção superou a expectativa de público, mas não provocou impacto político no Congresso nem conseguiu novas assinaturas de apoio à comissão. Além disso, o senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) afirmou ontem que seus seguidores não vão mais assinar o requerimento, e o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), ameaçou retirar sua assinatura (leia textos abaixo). Os parlamentares da oposição reconhecem que esgotaram a capacidade de mobilização e dependem de nova pressão popular para obter as assinaturas necessárias para a criação da comissão. O ato dos partidos de oposição fez parte da jornada nacional de luta organizada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e sindicatos de servidores públicos. Além da criação da CPI, o movimento reivindica o pagamento integral e imediato da perdas do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) com planos econômicos e o reajuste salarial dos servidores públicos. Segundo a Polícia Militar do Distrito Federal, cerca de 10 mil pessoas compareceram ao ato em Brasília. A oposição, que tinha a expectativa inicial de reunir de 2.000 a 3.000 pessoas, falava em 15 mil, entre servidores públicos, sindicalistas e estudantes. No momento de maior concentração -quando os manifestantes fizeram a volta na Esplanada dos Ministérios-, os líderes do movimento se reuniram na Câmara para entrevistas, o que se transformou em um ato paralelo. Além de parlamentares de oposição, apenas o líder petista Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Anthony Garotinho (PSB-RJ) deram respaldo ao movimento. Lula fez discurso no palanque, mas Garotinho se limitou a dar declarações a favor da CPI durante visita a parlamentares do PSB. As listas com os nomes dos deputados e dos senadores que assinaram e que não assinaram a CPI foram fixadas precariamente nos mastros das bandeiras em frente ao Congresso Nacional. O encerramento da marcha foi confuso. Enquanto Lula discursava no carro de som em frente à Catedral de Brasília, os parlamentares estavam no outro extremo da Esplanada, no gramado do Congresso. "O que podíamos fazer do ponto de vista da movimentação interna, nós fizemos até o dia de hoje (ontem). Agora disparamos outro mecanismo para buscar as assinaturas. O que nos resta é ver qual a intensidade de pressão que a sociedade vai imprimir", disse o líder do PT na Câmara, Walter Pinheiro (BA). Bom humor
A oposição conseguiu assinaturas de 144 deputados e de 25 senadores. Para criar a CPI são necessárias 171 assinaturas na Câmara e 27 no Senado. Lula criticou os argumentos do governo para evitar a CPI, como o risco à estabilidade da economia. "O presidente Fernando Henrique Cardoso deveria ser a peça principal do "Casseta e Planeta", tal o bom humor das piadas que ele conta", disse Lula, referindo-se ao programa homorístico da TV Globo. O líder petista disse que FHC deveria se apresentar à sociedade "sem arrogância, fingindo ser a única autoridade moral no país", e permitir que as denúncias sejam apuradas. Garotinho interrompeu uma reunião com a bancada do partido para explicitar seu apoio à CPI. "Vim aqui hipotecar solidariedade ao ato. Somos francamente favorável à apuração de todas as denúncias", afirmou o governador.

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