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OPERAÇÃO ABAFA
Baiano segura carlistas; peemedebista insinua retirar assinatura
Rivais, Jader e ACM ajudam
a enterrar CPI da corrupção
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No mesmo dia em que a oposição levou cerca de 10 mil pessoas
às ruas de Brasília em ato público
pela CPI da corrupção, Jader Barbalho (PMDB-PA), presidente do
Senado, e Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA), ex-presidente da
Casa, deram declarações contra a
instalação da comissão.
A convergência dos arquiinimigos Jader e ACM contra CPI foi
uma coincidência que, na prática,
pôs uma pá de cal nas pretensões
da oposição e reforçou o êxito da
operação abafa deflagrada pelos
aliados do presidente Fernando
Henrique Cardoso.
Jader admitiu ontem pela primeira vez retirar seu nome do pedido da CPI. Alegou que sua assinatura perdeu o sentido depois
que parecer do Ministério Público
do Pará descartou investigá-lo
por desvios de recursos do Banpará (Banco do Estado do Pará).
A decisão da Promotoria foi tomada anteontem com base em
parecer de 1992 do Banco Central,
no qual o BC não conseguiu
apontar os beneficiados pelos
desvios do dinheiro.
ACM, por sua vez, também recuou da CPI. Abrindo caminho
para uma eventual saída honrosa
que lhe permita, depois de ter assinado o requerimento, fazer
afundar de vez a comissão, o baiano disse: "Minha bancada não vai
assinar nada que o (deputado)
Walter Pinheiro esteja à frente".
Líder do PT na Câmara, Pinheiro é o responsável por cabalar o
apoio dos deputados à CPI. Até o
momento, o requerimento só
conta com a assinatura de seis
carlistas na Casa. No Senado,
além de ACM, os dois outro senadores baianos -Waldeck Ornélas e Paulo Souto, ambos do PFL
carlista- assinaram.
Governista insatisfeito
Apesar de sua declaração, que
esvazia ainda mais a CPI, Jader
manifestou insatisfação com o
governo. Reclamou que o relatório do BC deveria ter sido divulgado antes. "Estou indignado. Se eu
estava desde 92 nominalmente
excluído do relatório pelo próprio
BC, então se tratava de uma batalha de Itararé (batalha que nunca
existiu), mas que serviu para desgastar minha imagem", disse.
O procurador-geral de Justiça
do Pará, Geraldo Rocha, só anuncia hoje o destino das investigações sobre o caso Banpará. Ele
ainda analisa o parecer do promotor Vicente Miranda Filho, divulgado anteontem e que pediu o
arquivamento do caso.
Rocha deverá se pronunciar
também sobre a prescrição dos
crimes identificados pelo BC. A
tradição no Ministério Público é o
procurador-geral acatar a posição
do promotor que analisou o caso.
Álibi baiano
ACM procurou maquiar seu recuo diante da CPI repetindo
ameaças contra o governo. "Se
quiser, tenho 40 assinaturas. Mas
não estou trabalhando para isso".
O senador usou o fato de Walter
Pinheiro ter recebido uma comitiva de 21 deputados estaduais da
Bahia que foram a Brasília apresentar denúncias contra ele,
ACM, para investir contra o deputado e, ao mesmo tempo, jogar
um balde de água gelada na CPI.
A ofensiva contra o deputado
serviu ainda para ACM aplainar o
terreno da conversa do governador da Bahia, César Borges, com
FHC, prevista para hoje em Brasília. Borges deve reivindicar repasses de verbas ao Estado.
Painel do Senado
É pouco provável que ACM seja
processado por quebra de decoro
parlamentar em virtude do novo
laudo apresentado anteontem pelo foneticista Ricardo Molina. No
laudo, Molina afirma que o senador realmente disse, em conversa
com procuradores da República,
que teve acesso a uma lista com os
senadores que votaram contra ou
a favor da cassação do ex-senador
Luiz Estevão (PMDB).
Para os senadores do Conselho
de Ética, ACM só será processado
se ficar provado que o sistema de
votação secreta foi violado.
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