São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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JANIO DE FREITAS

Menos inocentes

A absolvição do presidente do Senado, Jader Barbalho, na acusação de lucros financeiros com dinheiro do Banco do Estado do Pará, além de nada esclarecer e de deixar o Banco Central em situação crítica, aumenta as suspeições pessoais merecedoras de investigação. Embora as ilicitudes apontadas estejam prescritas para efeito de possíveis condenações, agora há ainda mais envolvidos que exercem, também, funções públicas de responsabilidade e incompatíveis com atos incorretos, se o foram, mesmo que em passado distante.
O promotor paraense Vicente Miranda Filho dá o assunto por encerrado com base em trecho de um relatório do Banco Central, de 92, segundo o qual "ficou comprovada" a existência dos ilícitos com recursos do banco estatal, "mas não se conseguiu apontar os beneficiários". O relatório que faz tal afirmação é assinado por José Coelho Ferreira, procurador-geral do BC, e aprovado com o endosso de Francisco Gros, presidente do BC à época e atual presidente do BNDES.
Mas a inspeção feita por Abrahão Patruni Jr. em nome do BC, tomada como base para o documento de Ferreira e Gros, deixara afirmada uma conclusão objetiva, precisa e inequívoca: "o valor de R$ 196.706,00, proveniente de aplicações ao portador em que figuram mais dois cheques administrativos do Banpará, no mesmo instante foi depositado na conta 96.650-4, agência Jardim Botânico do Banco Itaú, pertencente ao sr. Jader Barbalho".
Mais precisão, impossível. E não foi tudo, a respeito de operações semelhantes. Como e, sobretudo, por que Gros e Ferreira decidiram que "não se conseguiu apontar os beneficiários", se a comprovação de ilicitude está claramente explicitada na inspeção do próprio Banco Central e, distante ainda a prescrição, dava as condições para processos criminais e possíveis condenações?
É por essas e outras que Fernando Henrique Cardoso investe todo o necessário para adquirir a objeção da maioria parlamentar à CPI da corrupção.

Por explicar
O apoio do petista baiano Walter Pinheiro aos deputados estaduais da Bahia que levaram denúncias contra Antonio Carlos Magalhães para a ministra da corrupção no governo é motivo ridículo demais para que o senador, em represália, negue o apoio dos seus deputados federais ao requerimento da CPI da corrupção.
Ou há recalcitrantes entre os carlistas ou a CPI deixou de ser desejada por Antonio Carlos.
Quanto às denúncias, embora o grupo seja orientado pelo deputado federal Geddel Vieira Lima, também conhecido por Geddel Vai às Compras, há o que ser apurado, sem dúvida. Por exemplo, as verbas que o governador Cesar Borges estaria destinando, em montantes escandalosamente desproporcionais, ao jornal e à TV controlados pelo senador.


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