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JANIO DE FREITAS
Menos inocentes
A absolvição do presidente do Senado, Jader Barbalho, na acusação de lucros financeiros com dinheiro do
Banco do Estado do Pará, além
de nada esclarecer e de deixar
o Banco Central em situação
crítica, aumenta as suspeições
pessoais merecedoras de investigação. Embora as ilicitudes
apontadas estejam prescritas
para efeito de possíveis condenações, agora há ainda mais
envolvidos que exercem, também, funções públicas de responsabilidade e incompatíveis
com atos incorretos, se o foram,
mesmo que em passado distante.
O promotor paraense Vicente
Miranda Filho dá o assunto
por encerrado com base em trecho de um relatório do Banco
Central, de 92, segundo o qual
"ficou comprovada" a existência dos ilícitos com recursos do
banco estatal, "mas não se conseguiu apontar os beneficiários". O relatório que faz tal
afirmação é assinado por José
Coelho Ferreira, procurador-geral do BC, e aprovado com o
endosso de Francisco Gros, presidente do BC à época e atual
presidente do BNDES.
Mas a inspeção feita por
Abrahão Patruni Jr. em nome
do BC, tomada como base para
o documento de Ferreira e
Gros, deixara afirmada uma
conclusão objetiva, precisa e
inequívoca: "o valor de R$
196.706,00, proveniente de aplicações ao portador em que figuram mais dois cheques administrativos do Banpará, no
mesmo instante foi depositado
na conta 96.650-4, agência Jardim Botânico do Banco Itaú,
pertencente ao sr. Jader Barbalho".
Mais precisão, impossível. E
não foi tudo, a respeito de operações semelhantes. Como e,
sobretudo, por que Gros e Ferreira decidiram que "não se
conseguiu apontar os beneficiários", se a comprovação de
ilicitude está claramente explicitada na inspeção do próprio
Banco Central e, distante ainda a prescrição, dava as condições para processos criminais e
possíveis condenações?
É por essas e outras que Fernando Henrique Cardoso investe todo o necessário para
adquirir a objeção da maioria
parlamentar à CPI da corrupção.
Por explicar
O apoio do petista baiano
Walter Pinheiro aos deputados
estaduais da Bahia que levaram denúncias contra Antonio
Carlos Magalhães para a ministra da corrupção no governo
é motivo ridículo demais para
que o senador, em represália,
negue o apoio dos seus deputados federais ao requerimento
da CPI da corrupção.
Ou há recalcitrantes entre os
carlistas ou a CPI deixou de ser
desejada por Antonio Carlos.
Quanto às denúncias, embora o grupo seja orientado pelo
deputado federal Geddel Vieira Lima, também conhecido
por Geddel Vai às Compras, há
o que ser apurado, sem dúvida.
Por exemplo, as verbas que o
governador Cesar Borges estaria destinando, em montantes
escandalosamente desproporcionais, ao jornal e à TV controlados pelo senador.
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