São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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OPERAÇÃO ABAFA

Ex-assessor de FHC diz que buscará "absolvição absoluta" de acusações do Senado e de procuradores


EJ afirma que vai exigir reparações

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ex-secretário-geral da Presidência da República Eduardo Jorge Caldas Pereira afirmou ontem que exigirá "reparação política e jurídica" pelas acusações de envolvimento em irregularidades no governo, inclusive no desvio de recursos destinados à obra do Fórum Trabalhista de São Paulo.
"Não me conformo com nada menos que a absolvição absoluta", disse o ex-assessor do presidente Fernando Henrique Cardoso. "O assunto não morrerá enquanto eu não tiver a reparação que eu preciso ter", insistiu.
A reparação política, segundo EJ, deverá ser dada pelo Senado, ao final das investigações que estão sendo retomadas pela Comissão de Fiscalização e Controle.
Para obter a reparação jurídica, o ex-assessor de FHC promete processar procuradores do Distrito Federal e de São Paulo responsáveis por processos contra ele.
O ex-secretário-geral disse que encaminhará ao Executivo toda a documentação de que dispõe sobre as investigações do Ministério Público e todos os dados bancários, fiscais e telefônicos necessários para provar sua inocência. Mas disse que ainda não decidiu se o fará à recém-criada Corregedoria Geral da União.
Eduardo Jorge foi ao gabinete do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), presidente da CFC e relator do chamado "caso EJ" -apuração de denúncias contra ele, entre elas as de exploração de prestígio e tráfico de influência. Ele se dispôs a prestar novo depoimento ao Senado.
O ex-secretário-geral prestou depoimento no Senado em agosto de 2000, à subcomissão da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). Na ocasião, negou envolvimento em irregularidades.
O senador Suassuna orientou EJ ontem a encaminhar ao Senado cópia do rastreamento feito pelo Banco Central do dinheiro desviado do TRT (Tribunal Regional do Trabalho) paulista que não teria encontrado sinais de que ele fora um dos beneficiados.
Suassuna solicitou ainda cópias dos processos do Ministério Público de São Paulo e do Distrito Federal, encaminhados a EJ recentemente. É com base nessa documentação que o ex-assessor do Planalto pretende processar os procuradores por danos morais. Ele disse que não há nenhuma acusação contra ele.
"A absolvição absoluta que quero significa o reconhecimento de que os procuradores mentiram ao Senado e à opinião pública e de que não cometi a menor irregularidade, comportamento antiético ou ato imoral", afirmou.
Entre todas as acusações contra ele, Eduardo Jorge disse considerar a de envolvimento com o desvio de recursos do TRT "a mais infamante, a que dói mais".


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