São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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OUTRO LADO

Senador diz que laudo "é mentira" e não o atinge

DA ENVIADA ESPECIAL A SALVADOR

DA AGÊNCIA FOLHA EM SALVADOR

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) reagiu ontem à informação sobre o novo laudo que atesta o envolvimento de Renato Tourinho e Marco Antônio Leal de Souza com as contas-fantasmas abertas no Citibank e no extinto Banco Econômico em 1990, com a seguinte frase: ""Isso não me atinge porque é mentira. Pode ser do instituto de criminalística de onde for, que é falso. Essas pessoas não foram fantasmas".
O senador disse que desconhecia o laudo do Instituto de Criminalística da Secretaria de Segurança do Estado de São Paulo, concluído em fevereiro, que apontou Marco Antônio Leal de Souza como autor das assinaturas da fantasma Esmeralda.
Disse que soube apenas do laudo concluído no ano passado, que afirmava não ter sido possível identificar quem assinava por Hugo Freire e Heloisa Góes Freire, os fantasmas da conta.
Indagado se iria contratar outra perícia privada, ACM disse que isso não seria com ele: "Não sou citado no inquérito". Disse que seu nome não foi citado por nenhuma das pessoas (segundo ele, mais de 60) que prestaram depoimento à Polícia Federal.
O ex-gerente da agência do Citibank Renato Tourinho afirmou desconhecer o laudo que atestou serem dele os manuscritos do contrato de abertura da conta dos fantasmas Hugo Tavares Freire Filho e Heloisa Góes Freire.
Tourinho disse ter sido submetido a quatro exames grafotécnicos que teriam atestado o contrário.
Ele disse que não admite o resultado apontado pelo instituto paulista: ""Não preenchi a ficha da abertura da conta nem escrevi nada no verso dos cheques dos fantasmas".
Tourinho nega até mesmo que tenha sido apontado como responsável no laudo do Instituto de Criminalística da Polícia Federal, em 1993, embora a informação conste do relatório do inquérito policial e também da denúncia assinada pela procuradora da República Mariane Guimarães de Mello.
O ex-gerente é hoje diretor da agência de publicidade Pejota. Ele afirmou não ter nada a comentar sobre o assunto além do que já declarou nos depoimentos à Polícia Federal e à Justiça.

Críticas
Advogado de Marco Antônio Leal Souza no processo, Genaro José de Oliveira criticou os laudos do instituto paulista. "Há desleixo, descuido e despreparo na elaboração", afirmou.
De acordo com o advogado de Souza, os peritos apenas reproduziram partes do laudo inicial da própria Polícia Federal, que foi concluído em 1993.
"Em momento algum os peritos colheram os grafismos das pessoas que são acusadas de assinar pelos fantasmas. No processo, eu fiz uma petição comprometendo-me a pagar todas as despesas decorrentes de transportes e hospedagens. Eles (os peritos) não fizeram nada disso, por espírito de corpo", afirmou.
Disse que enviou uma nova petição ao juiz Antônio Oswaldo Scarpa pedindo que ele indique um perito da Universidade Federal da Bahia para novamente colher os manuscritos dos acusados e fazer novo laudo.


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