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RUMO A 2002
Presidente estimula filiação de ministro da Fazenda para pôr panos quentes na disputa entre tucanos
FHC lança Malan para esfriar Serra e Tasso
KENNEDY ALENCAR
SÍLVIA MUGNATTO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente Fernando Henrique Cardoso estimula a filiação
do ministro da Fazenda, Pedro
Malan, ao PSDB para sinalizar a
José Serra, ministro da Saúde, e
Tasso Jereissati, governador do
Ceará, que quer um esfriamento
na disputa entre ambos pela candidatura tucana ao Planalto.
O presidente, mais uma vez,
deixa claro com o gesto que pretende ter o controle sobre sua
própria sucessão. E mostra que
pode ampliar o leque de pré-candidatos, reembaralhando as cartas do jogo ao recolocar Malan na
lista de possíveis presidenciáveis.
A Folha apurou que Malan,
apesar de evasivo, examina a possibilidade de se filiar ao PSDB.
Um auxiliar de FHC prevê uma
decisão do ministro até julho. Se
quiser concorrer a um cargo público, Malan precisará se filiar a
um partido até 5 de outubro deste
ano -12 meses antes da eleição.
Ontem, por meio da assessoria,
ele repetiu: "Não serei candidato a
nada. Não tenho interesse". No
entanto, se recusou a falar da possibilidade de filiação. A Folha pediu uma resposta mais conclusiva. O ministro não quis dá-la.
Respondeu, pela assessoria, que
não falaria do assunto.
O PFL é o segundo na fila. O
presidente do partido, Jorge Bornhausen, gostaria de levá-lo para
a legenda. A Folha apurou, porém, que auxiliares de Malan avaliam que isso deflagraria uma
guerra com os tucanos. Caso se filie, Malan deve optar pelo PSDB.
Serra
Serra, cujo projeto presidencial
conta hoje com a preferência velada de FHC, é ao mesmo tempo
beneficiado e prejudicado pela inclusão de Malan no jogo.
De imediato, um novo nome
ajuda a tirá-lo de evidência. Serra
é o tucano mais bem posicionado
em pesquisas de opinião sobre
2002 (9% e 10% no Datafolha, a
depender do cenário), e teme por
isso o bombardeio contra si dentro e fora do PSDB.
No futuro, porém, Malan pode
se transformar em ameaça real a
Serra. O ministro da Fazenda tem
a simpatia do empresariado, o financeiro à frente, e seria o candidato que mais se identifica com o
presidente. No Planalto, diz-se
que, co Malan, seria como se FHC
disputasse um terceiro mandato.
O presidente volta a trazer Malan ao palco presidencial na hora
em que obtém trégua com a provável morte da CPI da corrupção.
Por meio do porta-voz, Georges
Lamazière, FHC afirmou que a
eventual filiação de Malan seria
algo "ótimo, bom". O porta-voz,
porém, disse que FHC "nunca viu
o ministro mostrar disposição para a vida partidária".
O ministro das Comunicações,
Pimenta da Veiga, engrossou o
coro de FHC, convidando ontem
Malan a entrar no PSDB. "É um
excelente nome. Se é por falta de
convite, está feito", disse.
"Se o presidente pensa no nome
de Malan, é claro que acha que ele
pode ser uma opção, seja para
uma disputa estadual ou a presidencial", afirmou Pimenta.
O ministro Paulo Renato Souza
(Educação) também defendeu a
filiação: "Creio que deva se filiar.
Será muito bem-vindo no PSDB",
disse o ministro.
Na Fazenda, diz-se que o debate
sucessório diverte Malan. Ele afirma que as especulações em torno
dele chegaram a um ponto em
que, se não concorrer, será visto
como um derrotado. Um auxiliar
brinca que o ministro diz que ainda verá uma reportagem com o título "Derrotado, Malan não consegue se candidatar".
Colaboraram WILLIAM FRANÇA e LEILA SUWWAN, da Sucursal de Brasília
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