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DIPLOMACIA
Posição é defendida pelo premiê Lionel Jospin em visita ao Brasil
França defende UE e Mercosul mais próximos
WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O primeiro-ministro francês,
Lionel Jospin, afirmou ontem que
a França vai trabalhar para que a
União Européia se aproxime o
quanto antes do Brasil e do Mercosul, independentemente de o
país continuar sua aproximação
com a Alca (Área de Livre-Comércio das Américas). Mas disse
que essa aproximação européia se
dará em bloco e não por segmentos, como o agropecuário.
Jospin, defendendo que o Brasil
dê preferências à União Européia,
disse que atualmente o contexto
"é mais favorável" à França que
aos Estados Unidos.
"Estamos com 3% de crescimento, a inflação está em baixa, o
desemprego tem diminuído fortemente e o consumo tem se
mantido em alta", disse o primeiro-ministro francês, que depois
lembrou que os EUA estão com
sua economia em desaquecimento. "Temos todos os motivos para
sermos muito bom parceiros."
Jospin disse ainda que a França
reconhece a amizade histórica do
Brasil com os Estados Unidos e a
localização dos dois no mesmo
hemisfério, mas que isso não significa distância ou dificuldades.
O primeiro-ministro francês até
ironizou o fato: "Por causa das regiões fronteiriças entre o Brasil e a
Guiana (Departamento de Ultramar da França), isso faz da França
o único país europeu a ter contato
direto com o Mercosul".
Sem exceções
Jospin disse que a França e a
União Européia entendem que há
muitos pontos a serem superados
para formalizar sua aproximação
com o Brasil e com o Mercosul,
mas descartou abrir exceções para que sejam facilitados acordos.
O primeiro-ministro francês
descartou, por exemplo, a idéia de
que seja feito primeiramente algum tipo de acordo apenas na
área agrícola, envolvendo barreiras tarifárias ou não-tarifárias.
"Hoje devemos examinar as
nossas relações de forma global. A
França é a quarta economia do
mundo e é um país industrial e
com grande nível de prestação de
serviços, além de continuar sendo
um importante país agrícola."
Oportunidades
Jospin dedicou boa parte de sua
entrevista coletiva, que se estendeu por quase uma hora, para tratar dos aspectos econômicos de
sua visita ao Brasil.
A entrevista aconteceu depois
de ele ter se encontrado com o
presidente Fernando Henrique
Cardoso no Palácio do Planalto,
onde se reuniram por mais de
uma hora com ministros de várias
áreas.
Nessa reunião, os dois trataram
apenas de assuntos globais. O primeiro-ministro francês disse que
aproveitaria as duas outras oportunidades que teria com FHC para conversar sobre as relações bilaterais entre os dois países. A visita de Jospin termina amanhã.
No brinde que antecedeu o almoço, FHC disse que o fato de os
franceses investirem cerca de US$
9 bilhões no Brasil "mostra que a
Europa latina redescobriu o Brasil
e tem se engajado no aproveitamento das potencialidades do
nosso mercado".
Segundo o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, FHC
disse na reunião que há necessidade "de uma melhor simetria
entre os dois países e que essa
maior igualdade se reflita nas regras do comércio internacional e
na arquitetura do sistema brasileiro".
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