São Paulo, sexta-feira, 06 de abril de 2001

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DIPLOMACIA

Posição é defendida pelo premiê Lionel Jospin em visita ao Brasil

França defende UE e Mercosul mais próximos

WILLIAM FRANÇA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro-ministro francês, Lionel Jospin, afirmou ontem que a França vai trabalhar para que a União Européia se aproxime o quanto antes do Brasil e do Mercosul, independentemente de o país continuar sua aproximação com a Alca (Área de Livre-Comércio das Américas). Mas disse que essa aproximação européia se dará em bloco e não por segmentos, como o agropecuário.
Jospin, defendendo que o Brasil dê preferências à União Européia, disse que atualmente o contexto "é mais favorável" à França que aos Estados Unidos.
"Estamos com 3% de crescimento, a inflação está em baixa, o desemprego tem diminuído fortemente e o consumo tem se mantido em alta", disse o primeiro-ministro francês, que depois lembrou que os EUA estão com sua economia em desaquecimento. "Temos todos os motivos para sermos muito bom parceiros."
Jospin disse ainda que a França reconhece a amizade histórica do Brasil com os Estados Unidos e a localização dos dois no mesmo hemisfério, mas que isso não significa distância ou dificuldades.
O primeiro-ministro francês até ironizou o fato: "Por causa das regiões fronteiriças entre o Brasil e a Guiana (Departamento de Ultramar da França), isso faz da França o único país europeu a ter contato direto com o Mercosul".

Sem exceções
Jospin disse que a França e a União Européia entendem que há muitos pontos a serem superados para formalizar sua aproximação com o Brasil e com o Mercosul, mas descartou abrir exceções para que sejam facilitados acordos.
O primeiro-ministro francês descartou, por exemplo, a idéia de que seja feito primeiramente algum tipo de acordo apenas na área agrícola, envolvendo barreiras tarifárias ou não-tarifárias.
"Hoje devemos examinar as nossas relações de forma global. A França é a quarta economia do mundo e é um país industrial e com grande nível de prestação de serviços, além de continuar sendo um importante país agrícola."

Oportunidades
Jospin dedicou boa parte de sua entrevista coletiva, que se estendeu por quase uma hora, para tratar dos aspectos econômicos de sua visita ao Brasil.
A entrevista aconteceu depois de ele ter se encontrado com o presidente Fernando Henrique Cardoso no Palácio do Planalto, onde se reuniram por mais de uma hora com ministros de várias áreas.
Nessa reunião, os dois trataram apenas de assuntos globais. O primeiro-ministro francês disse que aproveitaria as duas outras oportunidades que teria com FHC para conversar sobre as relações bilaterais entre os dois países. A visita de Jospin termina amanhã.
No brinde que antecedeu o almoço, FHC disse que o fato de os franceses investirem cerca de US$ 9 bilhões no Brasil "mostra que a Europa latina redescobriu o Brasil e tem se engajado no aproveitamento das potencialidades do nosso mercado".
Segundo o porta-voz da Presidência, Georges Lamazière, FHC disse na reunião que há necessidade "de uma melhor simetria entre os dois países e que essa maior igualdade se reflita nas regras do comércio internacional e na arquitetura do sistema brasileiro".


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