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SOMBRA NO PLANALTO
Em depoimento à CPI do Rio de Janeiro, empresário de jogos diz que não participou de conspiração contra o governo federal
Cachoeira nega ter sofrido pressão de Santoro
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
Em depoimento ontem à CPI da
Assembléia Legislativa do Rio, o
empresário de jogos Carlos Augusto de Almeida Ramos, 40, o
Carlinhos Cachoeira, afirmou que
não "foi pressionado" pelo Ministério Público Federal e não participou de "uma conspiração contra o governo" federal quando se
reuniu em Brasília com o subprocurador da República José Roberto Santoro, em fevereiro último.
A conversa com Santoro foi gravada. Cachoeira negou pelo menos quatro vezes à CPI que tenha
feito a gravação e mandado entregar a fita à imprensa.
O presidente da CPI, Alessandro Calazans (PV), alertou o empresário de jogos sobre o crime de
falso testemunho, previsto no artigo 342 do Código Penal, com pena de reclusão de um a três anos,
mas Cachoeira manteve a versão.
Quando foi questionado sobre
os objetivos das reuniões, Cachoeira disse que ficaria calado.
Trechos da fita foram divulgados no último dia 30 pelo "Jornal
Nacional", da Rede Globo, que informou ter recebido a gravação de
um emissário de Cachoeira.
Santoro demonstra, na gravação, saber que a investigação sobre o ex-assessor do Planalto
Waldomiro Diniz atingiria o ministro José Dirceu (Casa Civil) e o
governo. O subprocurador tentava convencer Cachoeira a entregar cópia de gravação de 2002 na
qual Waldomiro, então presidente da Loterj (Loteria do Estado do
Rio de Janeiro), pede propina e
dinheiro para campanhas.
A CPI investiga suposta fraude
na Loterj em 2001 e 2002. Alegando temer por sua segurança, o
empresário de jogos não foi ao
Rio, depôs como testemunha na
Assembléia Legislativa de Goiás.
O depoimento durou três horas e
20 minutos. Começou às 10h20.
Aos oito deputados membros
da CPI, Cachoeira afirmou ter
gravado o vídeo com Waldomiro
para mostrar que foi vítima de extorsão do então presidente da Loterj. Ele explora jogos no Rio. Assinou contrato com a Loterj em
fevereiro de 2002.
Ele disse que ainda tem o original do vídeo e afirmou que não
enviou a gravação ao senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT).
"É uma incógnita", declarou.
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