São Paulo, terça-feira, 06 de abril de 2004

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TODA MÍDIA

A hora e o lugar

NELSON DE SÁ

A manchete de domingo do "Washington Post" foi descrita como um "furo" pela revista on line "Slate".
Ricardo Balthazar, do "Valor", não deve ter gostado. Ele fez uma longa reportagem em 19 de dezembro, com todas aquelas informações -e várias outras. Mas com uma diferença. Não trazia as críticas americanas.
A reportagem do "Post" ecoou pelo mundo. Na Argentina, o "Clarín" não mencionou, mas o "La Nacion" cobriu e comentou:
- Não é novidade, mas a hora e o lugar em que voltou fazem desta uma notícia quente.
Disse que o Brasil é "um país pacífico", mas "ao impedir as inspeções entrou num jogo de pressão que não pode enfrentar por muito tempo".
 
Mas o que levou os EUA e o "Post" a dar tal destaque a uma história do ano passado?
Roberto Amaral, ex-ministro que é hoje tratado como "tolo" pelo governo brasileiro por suas declarações sobre o assunto quando era ministro, surgiu na Globo News para dizer que a questão é comercial, não militar:
- Temos uma tecnologia que é superior. A questão é só de mercado internacional. Não tem nada a ver com segurança nem programas nucleares.
José Goldemberg, também ele ex-ministro, hoje secretário de Geraldo Alckmin, disse outra coisa, no Jornal Nacional:
- Algumas autoridades estão se enrolando na bandeira para defender soberania, quando é um processo tecnológico bem conhecido no mundo todo e que deve ser objeto de inspeções.
 
Pela Radiobrás, o governo foi na linha de Amaral, dizendo que busca "proteger a tecnologia". O mesmo fez o chanceler Celso Amorim na Folha On Line.
E o embaixador brasileiro em Washington defendeu a teoria comercial, em "O Estado de S.Paulo", dizendo que a fábrica de enriquecimento:
- Permitirá economizar o que gastamos enriquecendo no exterior e, à frente, explorar as nossas reservas comercialmente exportando para países que usam esse tipo de energia.
O "Valor" já dizia o mesmo em dezembro, mas observando que existem "obstáculos legais" -e, mais, que quando todo o maquinário estiver instalado, em 2010, a produção vai cobrir metade da demanda nacional. Não haverá o que exportar.
 
Cena curiosa, descrita pelo "Valor" em dezembro:
- Não é à toa que os fiscais se incomodam. Numa das últimas inspeções, um deles se atirou no chão para enxergar por baixo dos painéis de madeira.

"O PROJETO DO SÉCULO"

nytimes.com/Reprodução
Página do "NYT" sobre a estrada Brasil-Pacífico


O canal BBC, o site do "El País" e outros destacaram ontem o acordo "para criar uma zona de livre comércio, a partir de julho", entre o Mercosul e os países andinos.
No dia anterior, o "New York Times" publicou texto enviado da Amazônia, dizendo que o grande salto para a integração é a estrada que "sai do Brasil, sobe o coração do Peru" e vai até o Pacífico. Seria "o projeto do século na América do Sul". De um empresário peruano:
- É o primeiro passo para o mercado comum.
Segundo o "NYT", um acordo prevê rodovias saindo "do Brasil para Bolívia, Chile, Peru". Mas "nem todo mundo quer a estrada" peruana. De um ambientalista:
- Ela significa mais fazendas, maior corte de árvores. Vai contra os esforços de conservação.

Expectativa
Não durou muito o temor de aumento nos juros americanos. De Carlos Sardenberg, ontem pela manhã na CBN:
- Inflação confirma queda.
A partir daí, o dia foi claro.

Dólar entra
Na Bloomberg, fim da tarde:
- Real sobe ao valor mais alto em quatro semanas.
Voltou a entrar dinheiro no país, diz a agência, sublinhando que foi o maior ganho entre as 16 moedas que acompanha.
E no site da "Forbes":
- Bovespa sobe pela quinta sessão consecutiva.
E no "Valor":
- Risco Brasil recua.

Boom
O "WSJ", dias atrás, especulou sobre uma eventual diminuição no crescimento da China.
A Organização Mundial do Comércio pensa diferente. Da agência Reuters, ontem:
- OMC: comércio vai crescer em 2004 com "boom" da China.
Já em 2003, com "o salto da China", o comércio mundial cresceu em nível "inesperado".

Mais China
E o "Diário da China" noticiou que em agosto começa a operar o primeiro vôo direto entre São Paulo e Pequim. Pela Varig.

A vez do México
A China e os países andinos batem à porta, e o México vem junto. Da Globo On Line:
- México vai propor ampliar as preferências tarifárias.
A embaixadora do México, adiantando a visita do chanceler mexicano ao Brasil, comentou:
- Os benefícios (do acordo com os EUA) são temporários, precisamos de outros países.

Parado
Do comentarista Alexandre Garcia, em declaração ao "New York Times" de domingo:
- O governo parece parado.
Garcia, ontem na Globo:
- O Brasil não está parado.

Problema sério
Merval Pereira, na CBN, sobre a guerra de Rosinha à Petrobras:
- A governadora politizou questão técnica. Oleoduto por refinaria, uma coisa não tem a ver com outra: 80% do petróleo já vai para São Paulo de navio. Há um fator político, Garotinho é presidenciável. É um problema sério que a gente vive no Rio.

Mocase
O "El País" noticiou que os sem-terra -ou algo parecido- já chegaram à Argentina. O MST de lá de chama Mocase e conta com cerca de 10 mil famílias.

ENDEREÇOS

"Washington Post" - washingtonpost.com; Slate - slate.com; "Valor" -
valor.com.br; "Clarín" - clarin.com; "La Nacion" - lanacion.com; Folha On Line -
folha.com.br; "O Estado de S.Paulo" - estado.com.br; "El País" - elpais.es; "The New York Times" - nytimes.com; Bloomberg - bloomberg.com; "Forbes" - forbes.com; "The Wall Street Journal" - wsj.com; Reuters - reuters.com; "Diário da China" -
chinadaily.com.cn; Globo On Line - oglobo.globo.com/online


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