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GAFANHOTO
Flamarion Portela foi denunciado ao STJ por peculato; esquema teria desviado até R$ 230 mi dos cofres públicos
Governador é acusado por pagar funcionário fantasma em Roraima
JAIRO MARQUES
DA AGÊNCIA FOLHA
O governador de Roraima, Flamarion Portela (que se afastou do
PT), foi denunciado formalmente
ao STJ (Superior Tribunal de Justiça), na última sexta-feira, pela
Procuradoria Geral da República
por crimes de peculato e formação de quadrilha. Ele é acusado de
participação no chamado "escândalo dos gafanhotos", esquema
que pode ter desviado até R$ 230
milhões dos cofres públicos.
A fraude consistia na utilização
de funcionários fantasmas (os gafanhotos), que "comiam" a folha
de pagamento para enriquecer
pelo menos 30 autoridades roraimenses. Cerca de 5.000 pessoas
eram "laranjas" do esquema, segundo a Polícia Federal.
Com base em depoimentos e
documentos enviados no final de
2003 a Brasília pelo Ministério Público Federal de Roraima, que os
considera provas contra o governador, a subprocuradora-geral
Cláudia Sampaio Marques entendeu que cabe a abertura de ação.
Agora, o STJ, que tem a competência para processar governador
de Estado, precisa de autorização
da Assembléia Legislativa de Roraima para abrir ação penal contra Flamarion. Seis dos atuais 24
parlamentares do Estado também
são investigados por participação
no esquema dos gafanhotos.
Segundo as apurações realizadas por uma força-tarefa, o governador sabia da existência de uma
fraude na folha de pagamentos do
Estado e ampliou os valores do
suposto golpe em plena campanha eleitoral, em 2002.
"A denúncia foi uma decorrência lógica das provas que foram
apresentadas", declarou o procurador da República Darlan Airton
Dias, um dos que trabalharam nas
investigações. Além do caso gafanhoto, Flamarion enfrenta no
TSE (Tribunal Superior Eleitoral)
uma ação por abuso do poder
econômico supostamente cometido durante a campanha de sua
reeleição, em 2002. Se condenado,
ele pode ter o mandato cassado.
O PT deve decidir até o final do
mês se mantém o governador entre seus membros. Flamarion se
afastou da sigla em dezembro de
2003 "em nome da transparência". Ontem, o governador não
quis se pronunciar sobre o caso e
limitou-se a dizer que é inocente.
Neudo Campos, ex-governador
de Roraima, considerado pelo
Ministério Público Federal o
"mentor" do escândalo dos gafanhotos, já está respondendo à
ação na Justiça. Indiciado em 22
inquéritos como líder de quadrilha, Campos tenta conseguir no
STJ o direito de não ser julgado
pela Justiça Federal de Roraima.
Ela alega ter direito a foro privilegiado, assim como Flamarion.
Provisoriamente, as ações contra Campos estão paradas à espera de decisão final sobre a competência processual. Ele nega todas
as acusações e afirma que irá provar sua inocência na Justiça.
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