São Paulo, quinta-feira, 06 de abril de 2006

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ESCÂNDALO DO MENSALÃO/ O DESFECHO

Nome de vice-governador de Minas, Clésio Andrade(PTB), foi retirado com apoio de tucanos

Concessões feitas por relator beneficiaram sete partidos

RUBENS VALENTE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

As concessões feitas de última hora pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR) no seu próprio relatório da CPI dos Correios atenderam interesses pontuais de políticos e de sete partidos. Foram 35 alterações ao todo.
O inteiro teor das alterações ainda não foi avaliado porque a íntegra do relatório, já com as mudanças, não havia sido divulgada até as 21h de ontem. Foi distribuída apenas uma relação resumida das alterações, que tiveram como base sugestões de parlamentares do PP, do PTB, do PSDB, do PFL, do PMDB, do PPS e do PT.
Houve mudanças de alcance obscuro, como a proposta pelo deputado Alberto Fraga (PMDB-DF), que retirou o pedido de indiciamento, por suposto crime de gestão temerária, de apenas um dirigente de corretora (Marcos César de Cássio Lima, da Quality), quando há mais de três dezenas de executivos nas mesmas circunstâncias no relatório final.
O PP, por meio de uma sugestão assinada por três parlamentares (Nelson Meurer, Nélio Dias e Ildeu Araújo), conseguiu incluir a observação de que o partido tinha conhecimento do suposto pagamento de R$ 700 mil para o advogado Paulo Goyaz. A observação é de interesse do presidente do partido, deputado federal cassado Pedro Corrêa (PE), cuja defesa sobre a acusação de ter participado do esquema de saques do "valerioduto" consiste em dizer que o dinheiro foi repassado para custear despesas advocatícias em diversos processos judiciais movidos contra o ex-deputado Ronivon Santiago (AC).

Exclusão tucana
Após um intenso lobby do vice-governador de Minas, Clésio Andrade (PTB-MG), que destacou dois advogados para percorrer o Senado, seu nome foi retirado da lista dos indiciados.
O PSDB apoiou a exclusão, porque a citação atingiria indiretamente o governador tucano Aécio Neves. Segundo o próprio Serraglio, a retirada do nome do Clésio teve como base o próprio relatório paralelo do PT.
Na lista de alterações houve a correção de pelo menos um erro material. Um dos apontados como autor de saques no valerioduto, o petista José Adelar Nunes, teve seu pedido de indiciamento sugerido pelo relatório final. Mas, segundo revelou anteontem o "Correio Braziliense", Nunes morreu em 2004. Seu nome foi agora retirado da lista.


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