|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Maioria dos produtores vem do
Rio Grande do Sul e do Paraná
do enviado especial a Sapezal (MT)
A Chapada dos Parecis é, de várias formas, um divisor de águas
no Mato Grosso.
Em primeiro lugar, literalmente:
é lá que começam a correr as primeiras águas que vão desaguar,
milhares de quilômetros depois,
no rio Amazonas. Ao sul do chapadão, as terras mais baixas do Estado pertencem à Bacia do Prata.
Do ponto de vista migratório, a
região também marca uma linha
divisória no Estado: nos municípios da Chapada dos Parecis predominam gaúchos e paranaenses,
enquanto nas cidades mais próximas ao Pantanal há uma prevalência de paulistas e mineiros.
Invariavelmente, a elite do chapadão tem sobrenomes italianos
ou alemães. Famílias como
Schneider, Dal'Maso, Maggi, Webler, Simonetti, Mufatto, Sachetti
formam até 80% do total de produtores de Sapezal.
Eles começaram a chegar à região no início dos anos 80. Na época, não havia estrada e a viagem
desde Tangará da Serra, a 230 km,
no sopé da chapada, podia levar
até uma semana se fosse no período de chuvas (setembro a abril).
Os pioneiros ``limparam'' os
campos do cerrado e plantaram
soja. No começo, a produtividade
era baixa, porque o solo do chapadão precisa ser preparado para se
tornar fértil.
``Primeiro a gente queima. Depois põe 5 toneladas de calcário
por hectare, de 300 kg a 500 kg de
fósforo/ha, mais meia tonelada de
adubo/ha. Daí é só plantar de 50 kg
a 90 kg de semente de soja'', receita
Sérgio Sachetti, 39.
Nascido em Santa Catarina, ele e
oito irmãos plantam 8 mil hectares
de soja e algodão em Sapezal. A família começou na agricultura em
1973, no Paraná. Dez anos depois,
mudou para Itiquira (MT). Em 94,
expandiu a produção para Sapezal.
A história dos Sachetti é a regra
entre os maiores produtores na
Chapada dos Parecis. Eles vêm do
sul do país, têm tradição agrícola e
investem em tecnologia -o que
significa tratores, colheitadeiras,
defensivos e fertilizantes.
Produtividade
Pesquisador da Embrapa e diretor-técnico da Fundação Mato
Grosso, Dario Harimoto é um dos
maiores especialistas em soja do
país. Ele diz que uma boa produtividade na chapada está em torno
de 3,6 toneladas por hectare.
A média dos EUA, maior produtor mundial de soja, não ultrapassa as 3 toneladas por hectare.
Segundo Harimoto, a vantagem
da Chapada dos Parecis é o clima,
pois ``chove como um relógio'', e a
topografia extremamente plana. É
possível sobrevoar a região por
centenas de quilômetros sem avistar nenhuma elevação no terreno.
Alia-se a isso o melhoramento
genético das sementes e o desenvolvimento da técnica adequada
de manejo do solo. Esse avanço
tecnológico foi viabilizado pelo investimento anual de R$ 400 mil
dos produtores nas pesquisas da
Fundação Mato Grosso.
A ambição e a assimilação das
novas tecnologias agrícolas são
duas características dos imigrantes dos Estados do sul que, segundo eles próprios, os ajudaram a se
estabelecer na região.
É raro encontrar um grande produtor nascido no Mato Grosso. Os
nativos formam, em boa parte, a
mão-de-obra que trabalha nas
plantações.
(JRT)
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|