São Paulo, sábado, 06 de maio de 2000


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PAINEL

Aposta de risco

FHC blefou ao ameaçar chamar o Exército para tirar o MST dos prédios públicos. Estava convencido de que, isolados politicamente, os sem-terra recuariam. Nem o presidente nem os generais queriam de fato recorrer à força terrestre.

Caminho sem volta

Acionado, o Exército acataria as ordens de FHC. Mas o fato é que a força nunca se livrou do fantasma de Volta Redonda: chamado em 1988 para retirar grevistas da usina, matou três operários. O risco era o mesmo.

Linha direta

José Genoino (PT-SP) negociou pessoalmente com Alberto Cardoso (Segurança Institucional) a saída dos sem-terra dos prédios públicos. Teve a garantia do general de que a polícia não agiria até ontem pela manhã nem o choque ficaria em frente aos locais invadidos.

Retaguarda política

Uma ação de força de FHC teria respaldo no Congresso. Caciques como José Sarney (PMDB-AP) e Jorge Bornhausen (PFL-SC) já estavam incomodados com a falta de ação.

Imagem cercada

O Planalto se apegou à questão da autoridade, mas os pontos que FHC poderia perder nas pesquisas serviram de combustível para o governo na crise do MST. Sempre que há percepção de desgoverno, a popularidade do presidente desaba.

Efeito colateral

Ao decidir retardar a desapropriação de terras invadidas, o governo FHC acertou em cheio nas invasões feitas por manobra dos proprietários. O Incra já investiga pelo menos 80 fraudes desse tipo no Pará e outras dezenas no Mato Grosso.

Coincidência e delírio...

Um anúncio da Valisère publicado ontem deixou encucados dirigentes do PPS. Associava o nome Patrícia Gomes (CE) ao vírus de computador ILOVEYOU. A candidata do PPS à prefeitura de Fortaleza reagiu sobriamente: "Só espero que tenha sido coincidência...".

....de ex-comunista

No PPS, o fato inspirou teorias conspiratórias. A propaganda, da DM9, agência que trabalhou na campanha de FHC, poderia ser uma insinuação de que Patrícia é o vírus que destruirá a convivência entre Tasso Jereissati (CE) e FHC. Foi só coincidência, diz a DM9.


Escolha por exclusão

O PFL indicou um mineiro para substituir Greca no Turismo porque sabe que a legenda é frágil no Estado. Roberto Brant (PFL-MG) seria o nome natural por ter mais prestígio no Congresso. Carlos Melles só levou a melhor porque o primeiro é mais próximo de ACM. Maciel e Bornhausen vetaram.

Curto e grosso

Avaliação de um figurão do Congresso: "O PFL ficou com FHC e abandonou ACM".


Meu nome é Camargo

Nicéa recusou-se a assinar ofício tomando ciência de um dos processos, por indenização, que Paulo Maluf move contra ela. Alegou que seu nome não é "Nicéa Camargo Pitta", mas "Nicéa Camargo do Nascimento". O oficial de Justiça saiu de sua casa com as mãos vazias.

Minha gente

Parecer da Procuradoria Eleitoral do TRE de São Paulo emitido ontem reconhece que Fernando Collor tem residência em São Paulo. A vitória do virtual candidato à prefeitura paulistana é parcial. O TRE julga o caso na próxima semana.

Visita à Folha

A deputada federal Luiza Erundina, pré-candidata à Prefeitura de São Paulo pelo PSB (Partido Socialista Brasileiro), visitou ontem a Folha, a convite do jornal, onde foi recebida em almoço. Estava acompanhada do deputado federal Emerson Kapaz (PPS-SP), seu coordenador de campanha, de Chico Malfitani, assessor de comunicação, e de Ivo Patarra, assessor de imprensa.

TIROTEIO

De Marcelo Cordeiro, secretário-executivo da Secretaria Geral da Presidência da República, sobre José Dirceu (PT-SP) dizer que o governo quer criminalizar os movimentos sociais e o usar o MST como bode expiatório da crise social:
- Ao valorizar os meios mais do que os fins, o MST é que adotou a marginalização política. Eles é que se criminalizaram.


CONTRAPONTO

A bronca do general
Na votação da emenda das Diretas-Já, em 1984, um grupo de deputados do PDS, o partido governista, resolveu se alinhar à oposição.
Irado, o presidente João Figueiredo chamou um a um ao Planalto. Um deles era José Jorge, atual senador pelo PFL de Pernambuco, que foi recebido de dedo em riste pelo general:
- Você é um irresponsável.
- Sou sim, general -concordou o deputado.
- Vocês querem jogar esse país no caos, você não acha?
Atônito, encolhido no sofá, José Jorge respondeu baixinho:
- Não acho não, presidente.
O deputado voltou ao Congresso zonzo. Encontrou outros três dissidentes do PDS que passaram pelo gabinete presidencial antes dele. Estavam ainda lívidos, a exemplo do deputado pernambucano.
O pito do general não mudou o voto de nenhum deles, mas funcionou com outros parlamentares. A emenda que restabelecia eleições diretas para presidente acabou rejeitada.


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