|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SENADO EM CRISE
CPI e manobras podem levar processo até o segundo semestre
Pedido de cassação de ACM e Arruda fica imprevisível
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Senado entra a partir desta
semana num período de negociações políticas e manobras protelatórias que podem levar a um desfecho imprevisível o processo de
cassação dos mandatos dos senadores Antonio Carlos Magalhães
(PFL-BA) e José Roberto Arruda
(sem partido-DF). Ele não será
tão rápido nem tão simples quanto gostariam os adversários de
ambos e como as frenéticas últimas semanas pareciam indicar.
Começa agora a fase essencialmente política, com todos os partidos atuando nos bastidores.
A previsão inicial era de um
processo de um mês. Depois, passou para dois. Com base em adiamentos provocados por Waldeck
Ornélas (PFL-BA), aliado de
ACM, e pelo próprio relator, Saturnino Braga (PSB-RJ), senadores já calculam que o processo pode durar até o segundo semestre.
Há quem, inclusive, desconfie
que o caso da quebra do sigilo na
cassação de Luiz Estevão possa
até ficar em segundo plano se for
instalada a CPI mista da corrupção, que tem 19 denúncias diferentes a serem investigadas, o que
a oposição anuncia para a próxima quarta-feira.
Perdendo espaço na mídia para
as apurações de denúncias envolvendo o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), o próprio ACM e o governo, a violação
do painel passaria a ter importância reduzida perante a opinião pública. Além disso, a expectativa
dos senadores é que não apareçam fatos novos no caso da violação do painel, o que afastará o assunto do noticiário.
Como a pressão popular é um
dos fatores preponderantes da
atual tendência do Senado em
cassar ACM e Arruda e ela tende a
enfraquecer com o tempo, a protelação contará a favor dos dois.
No caso de Luiz Estevão, o processo de cassação começou em
março de 2000 e foi até junho do
ano passado. E a cada dia surgiam
fatos novos comprometendo o
ex-senador com o desvio de recursos públicos destinados à
construção do TRT de São Paulo e
demonstrando que ele havia
mentido nos depoimentos.
Interesses
Interesses políticos e corporativos também devem influenciar o
processo contra ACM e Arruda,
além da pressão da opinião pública e da convicção dos senadores.
Líderes partidários lembram a
força de ACM, com seus quase 50
anos de carreira política e sua histórica ligação com o governo federal. Sua cassação representaria
a cassação da Bahia, dizem. Alguns temem que a punição máxima faça de ACM uma vítima, com
munição para atacar o Planalto.
Arruda, embora tenha sido líder
do governo, não tem destaque político e foi abandonado pelo
PSDB. Mas a convicção dos senadores é que ele terá o mesmo tratamento a ser dado ao baiano.
Há também preocupação em
setores do Senado com a possibilidade de uma eventual cassação
de ACM e Arruda intensificar os
ataques contra o presidente da
Casa, adversário do pefelista.
Jader sofre acusações de envolvimento com a corrupção na extinta Sudam e irregularidades no
Banpará. Nos últimos dias, ACM
e ele puseram fim aos ataques
mútuos e deram sinais de pacificação. Em discursos e entrevistas,
se trataram de forma respeitosa,
após um ano de bate-boca.
É um ingrediente novo no processo do Conselho de Ética, embora aliados de Jader digam que o
peemedebista não teria nada a ganhar com um suposto acordo para reduzir as penas de ACM e Arruda. Eles não poderiam suspender investigações policiais ou do
Ministério Público sobre casos
que tenham relação com Jader.
Texto Anterior: Painel Próximo Texto: Falso ou verdadeiro: Lista apócrifa de votação na internet envolve a Câmara Índice
|