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IMAGEM É TUDO
Frases de outros tucanos são atribuídas ao presidenciável na região
NE estimula folclore contra tucano
XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL
Além das denúncias de corrupção envolvendo o empresário Ricardo Sérgio, seu ex-caixa de
campanha, e da acusação de ter
mantido um suposto caixa-dois
em 1994, o pré-candidato do
PSDB à Presidência, José Serra,
chega hoje a Alagoas também
com o desafio de tentar reverter a
imagem de antinordestino que o
caracteriza na região.
Para isso, terá de comer muita
buchada de bode em andanças
eleitorais-como ironiza o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Vale tudo para carimbar Serra
como preconceituoso. Até mesmo frases ditas por outros tucanos que agora surgem na boca de
Serra. É comum políticos da região reformularem uma frase dita, em 1999, pelo então ministro
da Ciência e Tecnologia, Luís Carlos Bresser Pereira, e atribuírem
ao presidenciável.
Bresser Pereira disse, ao falar
sobre recursos para universidades nordestinas, que mandar dinheiro para pesquisas na região
era o mesmo que "colocar capim
na frente dos bois".
Até os tucanos contribuíram
para o rótulo. Quando no Senado,
o governador do Ceará, Beni Veras, analisou a distribuição de verbas no país e concluiu que havia
falta de empenho do governo e do
Congresso em resolver o desequilíbrio regional. Apontou Serra como um dos culpados por isso.
O ex-senador Antonio Carlos
Magalhães (PFL) e a família Sarney ecoam o mesmo carimbo.
Nem nos grotões o tucano é
poupado. "Como poderemos votar em quem disse que o mal do
Brasil é o Nordeste", disse, na semana passada, o prefeito de Caetés (PE), José Luis Sampaio (PT),
ao receber Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável de seu partido.
A frase não foi dita por Serra, que
nega ser antinordestino.
No empresariado há o mesmo
sentimento. "Serra é o antiNordeste, tem profundo desprezo pela região", declarou recentemente
o proprietário do Grupo Moura,
Edson Mororó, que disse preferir
votar no PT.
Nas recentes viagens do pré-candidato à região, ficou claro, na
defesa feita por aliados do tucano,
a preocupação do partido com o
tema. "Ele (Serra) tem sido muito
bom para o Nordeste", já discursou o governador sergipano Albano Franco (PSDB).
A buchada de bode citada por
Inocêncio simbolizou, em 1994,
durante a primeira campanha
presidencial de Fernando Henrique Cardoso, a aliança dos tucanos paulistas com o PFL e as oligarquias do Nordeste.
O então candidato experimentou o prato típico da região e o
comparou às iguarias que havia
provado em Paris.
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