São Paulo, segunda-feira, 06 de maio de 2002

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IMAGEM É TUDO

Frases de outros tucanos são atribuídas ao presidenciável na região

NE estimula folclore contra tucano

XICO SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Além das denúncias de corrupção envolvendo o empresário Ricardo Sérgio, seu ex-caixa de campanha, e da acusação de ter mantido um suposto caixa-dois em 1994, o pré-candidato do PSDB à Presidência, José Serra, chega hoje a Alagoas também com o desafio de tentar reverter a imagem de antinordestino que o caracteriza na região.
Para isso, terá de comer muita buchada de bode em andanças eleitorais-como ironiza o deputado Inocêncio Oliveira (PFL-PE).
Vale tudo para carimbar Serra como preconceituoso. Até mesmo frases ditas por outros tucanos que agora surgem na boca de Serra. É comum políticos da região reformularem uma frase dita, em 1999, pelo então ministro da Ciência e Tecnologia, Luís Carlos Bresser Pereira, e atribuírem ao presidenciável.
Bresser Pereira disse, ao falar sobre recursos para universidades nordestinas, que mandar dinheiro para pesquisas na região era o mesmo que "colocar capim na frente dos bois".
Até os tucanos contribuíram para o rótulo. Quando no Senado, o governador do Ceará, Beni Veras, analisou a distribuição de verbas no país e concluiu que havia falta de empenho do governo e do Congresso em resolver o desequilíbrio regional. Apontou Serra como um dos culpados por isso.
O ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL) e a família Sarney ecoam o mesmo carimbo.
Nem nos grotões o tucano é poupado. "Como poderemos votar em quem disse que o mal do Brasil é o Nordeste", disse, na semana passada, o prefeito de Caetés (PE), José Luis Sampaio (PT), ao receber Luiz Inácio Lula da Silva, presidenciável de seu partido. A frase não foi dita por Serra, que nega ser antinordestino.
No empresariado há o mesmo sentimento. "Serra é o antiNordeste, tem profundo desprezo pela região", declarou recentemente o proprietário do Grupo Moura, Edson Mororó, que disse preferir votar no PT.
Nas recentes viagens do pré-candidato à região, ficou claro, na defesa feita por aliados do tucano, a preocupação do partido com o tema. "Ele (Serra) tem sido muito bom para o Nordeste", já discursou o governador sergipano Albano Franco (PSDB).
A buchada de bode citada por Inocêncio simbolizou, em 1994, durante a primeira campanha presidencial de Fernando Henrique Cardoso, a aliança dos tucanos paulistas com o PFL e as oligarquias do Nordeste.
O então candidato experimentou o prato típico da região e o comparou às iguarias que havia provado em Paris.



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