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São Paulo, terça-feira, 06 de maio de 2003

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FOGO AMIGO

Paim diz que vota contra

Senador do PT ataca tributação de inativos

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O primeiro vice-presidente do Senado, Paulo Paim (PT-RS), disse ontem que, embora seja favorável à reforma da Previdência, votará contra a proposta entregue pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao Congresso no último dia 30, caso seja mantida a cobrança da contribuição dos inativos. "Em 17 anos de vida parlamentar, vai ser a primeira vez que vou votar contra o PT, se a proposta não mudar", disse Paim.
Segundo ele, a idéia do governo Lula de taxar os inativos causa "constrangimento" entre os petistas, que rejeitaram a proposta no governo Fernando Henrique Cardoso várias vezes e conseguiram derrubá-la até no STF (Supremo Tribunal Federal). "Não me peçam para votar a contribuição dos inativos como está", disse Paim, em discurso no plenário.
O líder do PT, Tião Viana (AC), reagiu a mais essa voz dissonante na bancada. "Esse posicionamento do senador Paulo Paim causa estranheza, porque ele não tem frequentado as reuniões da bancada. Há alguns dias conversamos sobre o assunto e ele me garantiu que só tornaria essa posição pública depois que fizesse o debate na bancada", disse Viana.
Comentando o fato de Paim estar criticando a reforma num momento de aparente trégua da senadora Heloísa Helena (PT-AL), uma das radicais do partido, o líder atribuiu isso aos "holofotes" e ao "jogo de vaidades". "Tem uma lógica partidária [na defesa da unidade do partido]. O PT passou 20 anos conquistando a estima da sociedade. Se começarmos a desmoralizar um partido como esse, estaremos a serviço de quê? Da nossa vaidade?", perguntou.
O objetivo do pronunciamento de Paim era homenagear a passagem do Dia do Trabalho. Mas ele aproveitou também para criticar a alta taxa dos juros, mantida pelo governo. Os juros altos, segundo ele, estão "paralisando a economia brasileira, estagnando a produção e levando a taxa de desemprego a atingir cifrar históricas".
O petista afirmou que amanhã apresentará propostas de modificação do texto da reforma da Previdência, em debate com entidades representantes de servidores públicos na Câmara, do qual participarão congressistas.
O líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), parabenizou Paim pela "coragem" de discordar de alguns pontos da reforma da Previdência e lamentou que integrantes do Executivo estejam ameaçando com punições os petistas que opinam contra o texto do governo.


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