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NO AR
República paradisíaca
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
No relato corriqueiro
da Globo:
- O comércio amanheceu fechado por ordem dos traficantes. Em uma universidade que
tem fundos para a favela, a estudante Luciana foi atingida no
rosto quando fazia um lanche
na cantina. Segundo a Polícia
Militar, os traficantes teriam
atacado a universidade deliberadamente.
Na "república ensolarada, paradisíaca" do Brasil, começava
outra semana de choque de realidade.
Mais ao norte, o traficante
Fernandinho Beira-Mar era
acompanhado ao dentista por
meia centena de agentes da Polícia Federal.
Horas depois, seguiu em sua
peregrinação pelo país, segundo
a Band, viajando de novo para
Brasília.
Histórias do cotidiano da república do Brasil. Mas é outra a
"república ensolarada, paradisíaca" que se apresentou ontem,
na estréia da nova telenovela da
Globo.
Nos telejornais da emissora,
anunciou-se à exaustão um país
"cheio de semelhanças com a vida real", como cenário da novela. Mas não era nem o Rio nem
Alagoas.
Em "Kubanacan", entre atores seminus, a "vida real" é
aquela de Cuba ou Venezuela.
Nada de Brasil.
É uma comédia. Na tragédia
brasileira, a jovem estudante
Luciana "corre o risco de ficar
tetraplégica". E a universidade
promete que, da próxima vez,
vai fechar.
A semana começou com novo
petista, este nem tão "radical",
em revolta contra a reforma da
Previdência.
Paulo Paim não só declarou
que não vota pela taxação dos
inativos como disse que, se ocorrer, a aprovação será somente
em 2003, no meio das eleições
municipais.
Já o tucano Geraldo Alckmin
deu longa entrevista, ontem à
Globo, declarando ser "favorável à taxação dos inativos na
proposta apresentada pelo presidente".
Como afirmou Cássio Cunha
Lima, outro governador tucano,
assim vai ficando difícil, com os
oposicionistas sempre ao lado
do governo -e os governistas
contra.
Para os outros, é um jeito fácil
de ser governo.
Marta Suplicy iniciou sua
campanha à reeleição, melhor
dizendo, sua prestação democrática de contas à população
com um longo programa em rede paulista.
Como era de esperar de Duda
Mendonça, não faltaram "grandes obras". Nem capacetes de
engenheiro.
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