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MÁQUINA PARADA
Greve dos servidores do instituto deve atrasar ainda mais reforma agrária; entrega de cestas é suspensa
Paralisação no Incra se espalha por 20 Estados
EDUARDO SCOLESE
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A reforma agrária, uma das
principais bandeiras do governo,
deve demorar ainda mais por
causa da greve dos servidores do
Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), iniciada anteontem. A distribuição
de cestas básicas às famílias acampadas também deve parar, o que
tende a acirrar a tensão no campo.
Das 29 superintendências estaduais do órgão, 20 já se definiram
pela greve, segundo o órgão e o
comando de greve. Segundo a assessoria do Incra, 15 já estavam
paradas ontem. Servidores de pelo menos outras cinco superintendências cruzam os braços a
partir da semana que vem. Funcionários da sede da autarquia,
em Brasília, também pararam.
Diante de tal quadro, o ministro
Miguel Rossetto já teme pelo
cumprimento da meta de famílias
assentadas, sendo 47 mil até junho e 115 mil até dezembro.
"Uma greve cria obviamente
grandes dificuldades para a execução da meta." Até o fim de abril,
o ritmo da reforma agrária já era
insuficiente, já que, mesmo sem
greves, o governo só havia editado
decretos de desapropriação para
assentar 6.130 famílias.
Até o final da tarde de ontem, a
Cnasi (Confederação Nacional
dos Servidores do Incra) contabilizava que cerca de 3.500 dos 5.300
servidores da ativa estavam parados. Até meados da semana que
vem, a Cnasi espera uma adesão
de todos os Estados. Para o Incra,
é cedo para estimar a adesão.
Os servidores do Incra é que, na
prática, tocam a reforma agrária:
selecionam a área, fazem a vistoria (média de 60 por semana), elaboram o laudo e dividem os lotes.
Pela falta de pessoal, ainda selecionam famílias e distribuem cestas básicas aos acampados.
As duas superintendências de
Pernambuco (Recife e Petrolina),
Estado que concentra o maior número de famílias acampadas (cerca de 20 mil), estão em greve.
Em princípio, a paralisação não
tratará a questão salarial (em torno de 50,19%) como prioridade. A
Cnasi discutirá a questão a partir
da semana que vem. As principais
reivindicações são reestruturação
da autarquia, plano de carreira e
recomposição da força de trabalho do órgão. "Não há como fazer
a reforma agrária sem que o Incra
esteja estruturado", disse o diretor da Cnasi José Vaz Parente.
Segundo o Incra, medidas têm
sido tomadas desde janeiro de
2003, como concurso para a contratação de 366 novos funcionários e lançamento do novo Plano
Nacional de Reforma Agrária.
A greve recebeu ontem o apoio
e a solidariedade do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais
Sem Terra), da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) e da CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Invasões
Ontem de manhã, o pátio da
Prefeitura de Petrolina (PE) foi invadido por 200 famílias ligadas ao
MST. Por volta das 13h, a prefeitura foi desocupada.
Aproximadamente 250 famílias
ligadas à OLC (Organização da
Luta no Campo) invadiram duas
fazendas em Passira, também em
Pernambuco.
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