São Paulo, quinta-feira, 06 de maio de 2004

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

Sem precedentes

George W. Bush não deu duas entrevistas. Deu entrevista ao canal de Dubai, Al Arabyia, o mesmo que expulsou do Iraque seis meses antes, e falou sob controle à emissora que ele próprio criou, Al Hurra.
Nas perguntas de ambas, pela transcrição do "Washington Post", nada era mais evidente. Um exemplo, da Al Arabyia:
- Você deu garantia a Sharon. Que garantia dará aos palestinos?
Já a Al Hurra nem escondia a origem americana:
- A evidência de tortura deixou muitos com a impressão de que os EUA não são melhores que Saddam. O que os EUA, o que nós podemos fazer?... O conselho e as facções do governo iraquiano, nós ainda confiamos neles?
 
"New York Times", "Washington Post" e outros destacavam, em suas reportagens, que Bush "chegou perto" de se desculpar, mas não o fez. "Não pediu desculpas", escreveu o "NYT". "Não fez um pedido formal de desculpas", escreveu o "WP".
Mas mandou outros pedirem. Foi o que fizeram a assessora Condoleezza Rice e dois generais -e o que o secretário Donald Rumsfeld quase fez, dizendo que "qualquer um pediria". Para o "Financial Times", foi o bastante:
- Bush e seus comandantes se mostraram humildes diante do mundo árabe. As presenças de Bush e da liderança militar na mídia árabe foram demonstração sem precedentes de contrição.
 
Se Bush tentou mas não pôde contornar as cenas de tortura divulgadas pela CBS uma semana atrás, sua tropa de choque na mídia segue na batalha.
Bill O'Reilly, da Fox News, disse que, no lugar da CBS, não divulgaria as fotos por "saber que meu país seria prejudicado". E Rush Limbaugh, o célebre radialista, foi ao ataque, como sempre:
- Há tantos soldados envolvidos nesses atos quantos são os repórteres plagiadores do "New York Times", dessas organizações partidárias de mídia.
E disse para mandarem John Kerry ao Iraque, ele que "admitiu atrocidades no Vietnã".
 
O "Los Angeles Times" noticiou que Bush, na verdade, sabia da tortura desde dezembro.

DOUTOR LULA

Agora é que Lula e FHC se pegam. De Ancelmo Góis, ontem em "O Globo":
- Lula vai receber o título de doutor honoris causa da universidade Duke, nos EUA.
Por coincidência, talvez, FHC usou uma palestra programada ontem para a USP, como noticiaram Folha On Line e outros sites, para atacar Lula pelo nome -com questionamentos à ação do BNDES e à "falta de projeto".

PIERCING

Matthew Diffee, 34, texano autor do desenho ao lado, publicado pela "The New Yorker", é parte de uma revolução que acontece naquela que para muitos é a melhor revista do mundo. Os lendários "gag cartoons" da "New Yorker" ganharam mais de dez novos desenhistas, a maioria na faixa dos 30, para o lugar de veteranos como Sam Gross, já nos 80. Segundo o "New York Times", os novatos causam alvoroço, com a ironia de sempre agora em meio a drogas e piercings.

RSVP 1
Os tucanos se preparam para voltar. O site E-agora conclamou ontem os colegas a pensar:
- Não se trata de ter aqueles planos de governo como peças de propaganda. E nem se trata de fórmulas de gabinete. Não! Trata-se de um projeto para o Brasil mesmo. Qual é?

RSVP 2
Do site Primeira Leitura:
- No dia 14, Andrea Matarazzo oferecerá um almoço, em sua casa, a todos os ministros que serviram aos dois governos do ex-presidente FHC. A estrela máxima, é claro!, deve estar presente: o próprio FHC.

Livro vermelho
Já o PT está atento ao projeto da China. Rosângela Bittar, do "Valor", ouviu José Genoíno, de volta de Pequim. Uma das "lições" tiradas pelo petista:
- O Brasil está há 20 anos na empreitada do desenvolvimento, sem resolver. Não há solução para o problema social se não construir desenvolvimento com tecnologia e inserção mundial.
De preferência, num "eixo Brasil-China-Índia".

Tropas ou não
A Globo segue em campanha para levar tropas federais ao Rio -confirmadas, mas que a emissora carioca quer ver.
Já na Argentina, ontem, o ministro da Defesa foi questionado pelo "La Nacion" sobre tropas para segurança pública. Dele:
- Está absolutamente descartada a participação das Forças Armadas em segurança. Não sei por que se discutiu isso. Bem, algo tem que se discutir na Argentina.

Integração
O ministro argentino destacou a criação de um departamento militar de direitos humanos. E louvou a integração:
- Apostamos fortemente na integração com Brasil e Chile, em exercícios, intercâmbio de informações. Com o Brasil vamos firmar um acordo de desenvolvimento aeroespacial e fazer o exercício aéreo Plata, de radarização da fronteira.

Déficit
Mas nem tudo vai tão bem entre os vizinhos. O mesmo "La Nacion" destacava ontem, uma vez mais, que "cresce o déficit comercial com o Brasil".


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