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Sociedade civil homenageia empresário
Missa de sétimo dia pela morte de Octavio Frias de Oliveira levou à igreja, entre outros, intelectuais, atores e advogados
Convivência com o publisher e exemplos dados por ele foram rememorados pelos presentes à cerimônia
de ontem em São Paulo
Eduardo Knapp/Folha Imagem
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A família do empresário Octavio Frias de Oliveira recebe cumprimentos após a missa de ontem, que reuniu cerca de 700 pessoas, em São Paulo
DA REPORTAGEM LOCAL
Intelectuais, atores, advogados, publicitários e jornalistas
compareceram à missa de sétimo dia de Octavio Frias de Oliveira. Da diversidade de pessoas resultou uma imagem multifacetada do empresário:
cada um tinha uma lembrança
particular de Frias de Oliveira.
"Ele era de uma integridade
muito grande. E, apesar de
sempre ter se negado a se ver
como jornalista, foi o maior jornalista que conheci", afirmou o
cientista político José Augusto
Guilhon Albuquerque, professor titular aposentado da FEA.
O advogado e ex-ministro da
Justiça José Carlos Dias recordou a posição de Frias de Oliveira quando a Polícia Federal
invadiu a Folha em 1990, no
governo Collor.
"Eu vi a firmeza com que se
posicionava para impedir a invasão. Participei da reunião para elaboração do editorial e
percebi sua liderança nas horas
decisivas. Sem dúvida, o Frias
foi um dos homens mais marcantes da história da liberdade
de imprensa no Brasil."
Estiveram na missa o secretário de Cultura do Estado,
João Sayad, e sua mulher, a
empresária Cosette Alves, os
atores Sérgio Mamberti, Bruna
Lombardi, Carlos Alberto Ricelli, Cristina Mutarelli, Iara
Jamra e Mika Lins.
Dois jornalistas que foram
porta-voz do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva também
foram à cerimônia: Ricardo
Kotscho, ex-repórter especial
da Folha, e André Singer, ex-secretário de Redação.
O cientista político Leôncio
Martins Rodrigues disse que
admirava a capacidade empresarial de Frias de Oliveira, sobretudo a sua visão sobre a importância da tecnologia, porém
considera que o maior legado
dele foi a independência editorial, não só diante dos Poderes
mas também por meio da pluralidade de pontos de vista que
abrigava no jornal.
Sonhador
O publicitário Nizan Guanaes ressaltou a capacidade
empreendedora de um Frias de
Oliveira já com idade avançada.
"Ele sonhava acordado, com
os pés no chão, e acho que influenciou toda uma geração de
jovens empreendedores que se
seguiram a ele", disse Nizan.
"Vendo um homem de uma
certa idade, mas com um pensamento tão jovem, nos sentíamos empurrados por aquele
pragmatismo sonhador."
Também estiveram na cerimônia Francisco Mesquita Neto e Fernão Lara Mesquita, que
integram o conselho de administração do Grupo Estado, os
editores Pedro Paulo de Sena
Madureira e Wagner Carelli.
"A obra dele como empresário é indiscutível. É só ver a diferença entre o que ele recebeu
e o que ele deixou", afirmou
Fernão Mesquita, referindo-se
ao fato de o empresário ter
comprado a Folha quando era
um jornal pouco expressivo.
Pessoa rara
O jornalista Boris Casoy, que
foi editor-chefe da Folha entre
1977 e 1984, preferiu frisar a
complexidade do empresário.
"Alguém já o comparou a
aquele artigo da [revista] "Seleções", "O Meu Tipo Inesquecível". Ele era o meu tipo inesquecível. Não pense que ele
era bonzinho, no mau sentido,
com os que o cercavam. Nada.
Se precisasse cobrar, ele cobrava. Dava bronca, disciplinava,
ensinava. Não pense que as
pessoas gostavam dele porque
era carinhoso. As pessoas
gostavam dele porque era inteligente, racional e conhecia o
ser humano. A maioria das
pessoas não vem aqui [na missa] por temor reverencial à Folha. A maioria vem porque tem
uma memória boa dele", afirmou Casoy.
O jornalista Matinas Suzuki
Jr., que foi editor-executivo da
Folha, disse que a lembrança
mais forte que tinha do empresário era como uma pessoa rara: "Penso no "seu" Frias como
uma ararinha azul, uma espécie
raríssima, uma pessoa muito livre, sem dogmas de pensamento econômico, sem dogmas de
pensamento político, que fez da
simplicidade e da informalidade um valor".
A atriz Bruna Lombardi afirmou que "ele foi uma pessoa
que nos deixou o sentimento de
que dá para fazer um país melhor com inteligência e com liberdade".
Sena Madureira recordou-se
da solidariedade do empresário: "Desde 1989, quando eu me
mudei para São Paulo, o "seu"
Frias foi a pessoa que esteve do
meu lado, sobretudo nas minhas horas mais difíceis".
Também compareceram à
missa os médicos Miguel Srougi, Raul Cutait e Anthony
Wong, o historiador Boris
Fausto, e o dono de restaurante
Massimo Ferrari.
Estiveram presentes ainda os
jornalistas Claudio Weber
Abramo, Leão Serva, Lilian
Pacce, Junia Nogueira de Sá,
Luís Nassif, Jorge da Cunha Lima, Carlos Alberto Di Franco e
Aldo Pereira, além do arquiteto
Nabil Bonduki, do advogado
Ives Gandra da Silva Martins e
da psicanalista Anna Verônica
Mautner.
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