São Paulo, terça, 6 de maio de 1997.

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POLÊMICA
Failde Mendonça diz que o legista alagoano mentiu em novo laudo sobre a morte de PC e Suzana Marcolino
Promotora acusa Sanguinetti de `farsa'

ARI CIPOLA
da Agência Folha, em Maceió


A promotora Failde Mendonça, responsável pelo caso da morte de Paulo César Farias e da namorada dele Suzana Marcolino criticou ontem o legista alagoano George Sanguinetti.
Segundo a promotora, o laudo do legista, que contesta o oficial, ``é uma farsa''.
Failde Mendonça requereu ao juiz da 8¦ Vara Criminal de Maceió, Alberto Jorge Correa de Lima, a designação de um outro legista para atuar no caso.
``O professor Sanguinetti vai responder penal e eticamente por ter usado absoluta má-fé, com a Justiça alagoana, com o objetivo de se promover e vender o livro que lançou sobre o caso,'', afirmou a promotora.
Ela afirmou que o laudo preparado por Sanguinetti revela que ele é ``mentiroso e espertalhão''.
Ela apontou como prova de que Sanguinetti teria mentido o fato de ele ter insinuado que Suzana Marcolino teria sido estrangulada antes de morrer, ``sem ter prova material para tanto'', segundo ela.
``O Sanguinetti teve acesso a todo o processo e mesmo assim inventou para a opinião pública que Suzana tinha hematomas no corpo e mentiu ao afirmar que havia manchas no osso hióide (situado na parte anterior do pescoço, acima da laringe), dando a entender que ela teria sido estrangulada antes de levar o tiro'', afirmou.
A promotora disse que percebeu as contradições de Sanguinetti depois de ter analisado todas as fotos e filmes feitos na necropsia e na exumação dos corpos do ex-tesoureiro de campanha de Fernando Collor e de Suzana Marcolino.
O fato de a promotora não ter aceito o laudo de Sanguinetti, que fora convocado por ela mesmo para dar sua versão sobre a morte, não encerra o caso.
O juiz já havia antecipado que nomearia novo perito para o caso, desde de que a promotoria requisitasse. Hoje o juiz deve se manifestar oficialmente sobre o assunto.
A promotora disse que o laudo de Sanguinetti não resolveu as ``dúvidas'' sobre o caso.
O inquérito, feito pelo delegado Cícero Torres, concluiu que Suzana matou PC e depois se suicidou por questões passionais.
As peças técnicas, como perícia de local de crime e necropsia, foram assinadas por peritos alagoanos e pela equipe do legista Fortunato Badan Palhares, da Universidade Estadual de Campinas.
``Não se trata de não acreditar no trabalho da Unicamp e da polícia de Alagoas. O caso é muito conturbado. Por isso, preciso de uma segunda perícia séria para concluir meu trabalho'', afirmou a promotora.
Resposta
``Ela é a promotora. Não posso comentar nada quanto ao juízo que ela fez do meu trabalho'', afirmou Sanguinetti, ao saber da decisão da promotora.
Sobre as declarações da promotora afirmando que seu laudo é uma ``farsa'', Sanguinetti também não quis polemizar. Ele disse estar ``com a consciência tranquila''.
O legista afirmou que vai doar para o IML de Alagoas todo dinheiro que receber de direitos autorais da venda de seu livro ``O Caso PC Farias: Relatório Sanguinetti''.
``Isso é para mostrar que não fiz nada por dinheiro ou coisa parecida'', disse.

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