São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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PT defende prazo maior; Ciro critica "calote"

DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL A MANGARATIBA (RJ)

O presidenciável Ciro Gomes (PPS) disse ontem que o discurso do pré-candidato governista, José Serra (PSDB), é "um ato de desonestidade intelectual".
Ciro diz que o mesmo governo que criou a Lei de Responsabilidade Fiscal está praticando "a maior irresponsabilidade fiscal da história do país", referindo-se à dívida interna de R$ 630 bilhões.
Ciro afirmou que Serra participou do processo de desvalorização cambial em 1999, medida que teria contribuído para o aumento da dívida interna. ""Serra era ministro do Planejamento quando se manipulou o câmbio para fins da reeleição. Ele era líder da Comissão Monetária Nacional, membro da equipe econômica e beneficiário disso tudo."
Para o pré-candidato, existe no Brasil ""um quadro de irresponsabilidade que a propaganda oficial tenta amenizar".
O pré-candidato, que é contra o calote da dívida e o rompimento de contratos, disse que a solução é conseguir credibilidade com os credores por meio de atos como as reformas tributária e previdenciária e a superação do déficit externo, e assim negociar prazos mais longos para o pagamento.
O principal assessor econômico de Luiz Inácio Lula da Silva, Guido Mantega, disse ontem que o alongamento do perfil da dívida interna brasileira será "um caminho a ser perseguido" em um eventual governo do PT.
"Trocar os títulos por papéis de prazo maior, com retorno maior, é o caminho natural", declarou Mantega, professor da Fundação Getúlio Vargas. "Facilita a administração. Significa que menos título estarão vencendo a cada ano. É um objetivo de todo governo e a atual gestão deveria persegui-lo."
É um objetivo de todo governo e a atual gestão deveria persegui-lo." Ele declarou que para facilitar a troca dos papéis é necessário haver a queda na taxa de juros. "Com a atual taxa já nas alturas, fica muito difícil oferecer um ganho sobre ela aos investidores."
O economista Mário Tinoco, 54, um dos assessores do programa econômico do presidenciável do PSB, Anthony Garotinho, disse ontem que a renegociação da dívida interna é fundamental para retomada do crescimento.
Segundo ele, a renegociação não pode ser feita imediatamente, sob pena de gerar uma crise cambial. Tinoco, que foi subsecretário de Fazenda no governo Garotinho, diz ser necessário primeiro quebrar "a atual fragilidade" da economia brasileira, provocada pela manutenção da alta taxa de juros, por meio de uma política econômica que estimule o setor exportador e o de substituição de importações e que redirecione o crédito público para a produção.
"Não se pode manter durante anos seguidos um superávit primário para ficar pagando juros da dívida", afirmou.


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