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Juiz aceita denúncia contra cinco
acusados em Operação Sanguessuga
Presos, suspeitos devem depor amanhã; processos de 76 ainda serão analisados
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAMPO GRANDE
O juiz da 2ª Vara Federal de
Cuiabá (MT), Jeferson Schneider, acatou ontem à noite as denúncias contra cinco acusados
de pertencer à máfia dos sanguessugas, entre eles Marcelo
Cardoso de Carvalho, 34, que
era assessor do senador Ney
Suassuna (PMDB-PB) até ser
preso pela Polícia Federal, no
início de maio. Presos em Cuiabá, os cinco suspeitos devem
depor amanhã.
De acordo com a Justiça Federal, Schneider ainda analisa
denúncias contra 76 acusados.
O procurador da República
Mário Lúcio Avelar denunciou
81 pessoas por lavagem de dinheiro, corrupção passiva e ativa, formação de quadrilha e crime contra a lei de licitações. Os
detalhes da ação estão sob segredo de Justiça.
Entre os denunciados estão
27 assessores e ex-assessores
de congressistas, o ex-senador
e ex-presidente do INSS (Instituto Nacional de Seguro Social)
no governo Lula, Carlos Bezerra (PMDB-MT), e ao menos nove ex-deputados, além de empresários e lobistas.
O procurador diz que Bezerra e Cardoso constam na lista
de pagamentos de propina feitos pela quadrilha. Bezerra nega a acusação. Cardoso prefere
não se manifestar.
Os 81 denunciados são acusados de fornecer ambulâncias
superfaturadas a prefeituras,
por meio de licitações fraudulentas, desviando R$ 110 milhões desde 2001.
A suspeita é que as aquisições
eram feitas com dinheiro de
emendas ao Orçamento propostas por congressistas, que
receberiam uma porcentagem
dos recursos desviados. O procurador reafirmou que houve
pagamento de propina para
elaboração de emendas para
compra das ambulâncias.
O ex-assessor de Suassuna
também "figura [em ao menos
quatro escutas telefônicas] patrocinando interesses privados
[da quadrilha] junto ao Supremo Tribunal Federal", diz a PF.
Outros quatro com denúncias acatadas ontem são Ricardo Augusto Silva (ex-assessor
do ex-deputado Ronivon Santiago, do PP-AC, também preso), José Wagner dos Santos
(assessor da associação de municípios de Mato Grosso), Angelita Felipe Nunes e Neureny
Medeiros da Silva Miranda
(respectivamente funcionária e
irmã do empresário Ronildo
Medeiros, também preso).
Na Operação Sanguessuga,
realizada no dia 4 de maio, a Polícia Federal prendeu 54 pessoas, entre empresários, lobistas, 12 assessores de deputados
e dois do senador Suassuna, demitidos logo após as prisões. O
senador nega qualquer envolvimento com o esquema.
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