São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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Deputados devolvem apoio com projetos

LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília

O deputado João Caldas (PMN-AL), que recebeu R$ 752.123 da Usina Caeté S.A., única fonte declarada de financiamento da sua campanha eleitoral, apresentou no último dia 25 de maio um projeto de lei que torna obrigatória a adição de álcool etílico ao óleo diesel.
Caldas disse que o responsável financeiro por sua eleição não interferiu na elaboração do projeto.
"Não tenho o rabo preso. Eles (usineiros) me ajudam por consciência. Eu vou exercer o meu mandato com isenção, como sempre fiz", afirmou.
Deputado de primeiro mandato, Caldas é um dos líderes da bancada do açúcar e do álcool, ao lado de José Múcio Monteiro (PFL-PE), ambos integrantes do Conselho Interministerial do Açúcar e do Álcool. No dia 1º deste mês, Caldas lançou a Frente Parlamentar em Defesa do Proálcool.
"Fui vereador em Ibateguara (AL) apoiado por usineiros. Fui prefeito apoiado por usineiros. Fui deputado estadual apoiado por usineiros. Agora, sou deputado federal com apoio de usineiros", afirmou.
Caldas disse que não está na Câmara, no entanto, para defender somente os interesses dos usineiros. "Do mesmo jeito que defendo usineiro, defendo flagelado da seca no Nordeste. Não tenho compromisso com os usineiros. Dou pau nos picaretas do setor", disse.
Tanto Caldas como José Múcio afirmaram que não defendem os interesses dos donos de usinas de açúcar e álcool, mas a manutenção dos postos de trabalho gerados pelo setor.
"O setor emprega 1,3 milhão de pessoas, número inferior apenas ao da construção civil", disse Caldas. Pelos cálculos de José Múcio, "cada empresa que fecha representa menos 5.000 empregos".
Mais de 50% do custo declarado da campanha de José Múcio (R$ 488.680) foi bancado por cinco usinas. "Sou fornecedor de cana. Eu represento o setor sucroalcooleiro no Congresso. Os empresários do setor foram meus principais doadores", afirmou o deputado.
Um dos principais líderes da bancada ruralista, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), teve parte da sua campanha financiada por empresas ligadas ao setor. Pelo menos R$ 93.500 foram doadas por frigoríficos, usinas e empresas de produção e distribuição de café.
"Eu defendo a agricultura. Essa é a minha área de atuação. Mas defendo o setor porque acredito, não em contrapartida às doações de campanha", afirmou Marquezelli.

Sapatos e educação
A campanha da deputada Maria Elvira (PMDB-MG) está entre as 20 mais caras da Câmara.
Do custo de R$ 497.013 declarado à Justiça Eleitoral, R$ 245.463 foram doados pelo Instituto Cultural Newton Paiva Ferreira Ltda, instituição de ensino superior de Minas Gerais.
Desde a legislatura passada (1995-99), a deputada é uma das integrantes da bancada da educação. Neste ano, Maria Elvira foi eleita presidente da Comissão de Educação.
Na sexta-feira, a Folha procurou a deputada no gabinete, no escritório e nas residências em Brasília e no Estado, mas não a localizou.
A metade do custo declarado da campanha (R$ 341 mil) do deputado Júlio Redecker (PPB-RS) foi bancada por empresas do setor de calçados e couro.
O deputado é um dos principais defensores do setor no Congresso e costuma distribuir sapatos a políticos influentes.
"Se eu acredito no setor, nada mais justo do que vir aqui e pedirpara o governo tirar impostos. Tudo o que eu faço é para gerar empregos e desenvolvimento", disse.


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