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Deputados devolvem apoio com projetos
LUIZA DAMÉ
da Sucursal de Brasília
O deputado João Caldas (PMN-AL), que recebeu R$ 752.123 da
Usina Caeté S.A., única fonte declarada de financiamento da sua
campanha eleitoral, apresentou no
último dia 25 de maio um projeto
de lei que torna obrigatória a adição de álcool etílico ao óleo diesel.
Caldas disse que o responsável financeiro por sua eleição não interferiu na elaboração do projeto.
"Não tenho o rabo preso. Eles
(usineiros) me ajudam por consciência. Eu vou exercer o meu
mandato com isenção, como sempre fiz", afirmou.
Deputado de primeiro mandato,
Caldas é um dos líderes da bancada do açúcar e do álcool, ao lado de
José Múcio Monteiro (PFL-PE),
ambos integrantes do Conselho
Interministerial do Açúcar e do Álcool. No dia 1º deste mês, Caldas
lançou a Frente Parlamentar em
Defesa do Proálcool.
"Fui vereador em Ibateguara
(AL) apoiado por usineiros. Fui
prefeito apoiado por usineiros. Fui
deputado estadual apoiado por
usineiros. Agora, sou deputado federal com apoio de usineiros",
afirmou.
Caldas disse que não está na Câmara, no entanto, para defender
somente os interesses dos usineiros. "Do mesmo jeito que defendo
usineiro, defendo flagelado da seca
no Nordeste. Não tenho compromisso com os usineiros. Dou pau
nos picaretas do setor", disse.
Tanto Caldas como José Múcio
afirmaram que não defendem os
interesses dos donos de usinas de
açúcar e álcool, mas a manutenção
dos postos de trabalho gerados pelo setor.
"O setor emprega 1,3 milhão de
pessoas, número inferior apenas
ao da construção civil", disse Caldas. Pelos cálculos de José Múcio,
"cada empresa que fecha representa menos 5.000 empregos".
Mais de 50% do custo declarado
da campanha de José Múcio (R$
488.680) foi bancado por cinco usinas. "Sou fornecedor de cana. Eu
represento o setor sucroalcooleiro
no Congresso. Os empresários do
setor foram meus principais doadores", afirmou o deputado.
Um dos principais líderes da
bancada ruralista, o deputado Nelson Marquezelli (PTB-SP), teve
parte da sua campanha financiada
por empresas ligadas ao setor. Pelo
menos R$ 93.500 foram doadas
por frigoríficos, usinas e empresas
de produção e distribuição de café.
"Eu defendo a agricultura. Essa é
a minha área de atuação. Mas defendo o setor porque acredito, não
em contrapartida às doações de
campanha", afirmou Marquezelli.
Sapatos e educação
A campanha da deputada Maria
Elvira (PMDB-MG) está entre as
20 mais caras da Câmara.
Do custo de R$ 497.013 declarado
à Justiça Eleitoral, R$ 245.463 foram doados pelo Instituto Cultural
Newton Paiva Ferreira Ltda, instituição de ensino superior de Minas
Gerais.
Desde a legislatura passada
(1995-99), a deputada é uma das
integrantes da bancada da educação. Neste ano, Maria Elvira foi
eleita presidente da Comissão de
Educação.
Na sexta-feira, a Folha procurou
a deputada no gabinete, no escritório e nas residências em Brasília e
no Estado, mas não a localizou.
A metade do custo declarado da
campanha (R$ 341 mil) do deputado Júlio Redecker (PPB-RS) foi
bancada por empresas do setor de
calçados e couro.
O deputado é um dos principais
defensores do setor no Congresso
e costuma distribuir sapatos a políticos influentes.
"Se eu acredito no setor, nada
mais justo do que vir aqui e pedirpara o governo tirar impostos. Tudo o que eu faço é para gerar empregos e desenvolvimento", disse.
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