São Paulo, quinta-feira, 06 de julho de 2000


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PAINEL



Compasso de espera
É pouco provável que a conversa entre FHC e Covas avance em relação a nomes do governo para 2002. O "timing" que o presidente definiu aos tucanos para tratar objetivamente do assunto é janeiro. "Esta é a agenda", resume Teotonio Vilela Filho, presidente nacional do PSDB.

À luz de velas
O encontro entre FHC e Covas deve ocorrer ainda nesta semana. Será à noite, no Palácio do Alvorada. A intenção do presidente é que os dois fiquem muito à vontade, sem interferências externas. Para lavar a roupa e botar tudo em pratos limpos.

Regras de convivência
Na conversa com Covas, FHC espera estabelecer uma linha de conduta dos tucanos para a sucessão. Ponto de partida: os dois devem evitar novos atritos públicos. As críticas do governador paulista ao Plano Nacional de Segurança bateram no fígado do presidente. Avaliação: elas teriam desacreditado o projeto.

O bicho vai pegar
Se depender de Jorge Bornhausen (PFL-SC), FHC não trata de 2002 antes de 15 de fevereiro, depois das eleições para a Câmara e o Senado. "A disputa terá consequências negativas, neutras na melhor das hipóteses, e pode deixar sequelas na coligação", adverte.

Sentimental
Mário Covas não esconde de ninguém as queixas que tem em relação a FHC. Mas uma declaração do presidente calou fundo no governador paulista. Foi quando ele disse que, se o PSDB o escolhesse, Covas seria seu candidato em 2002.

Disputa interna
A guerra surda que ocorre nos bastidores do PSDB em torno do comando da sigla é o combustível dos ataques de tucanos à declaração de José Serra (Saúde), segundo a qual a reeleição não deu certo. As críticas do secretário José Aníbal, por exemplo, não teriam o respaldo de Mário Covas. O próprio FHC já teria manifestado opinião parecida. Mas intramuros.

Mão no ralo
A Receita vai baixar uma portaria normatizando suas relações com o Serpro. Para fechar as brechas que permitiram o vazamento dos cadastros sigilosos de milhões de contribuintes do IR, como correu recentemente.


Artilharia
Newton Cardoso (MG) diz que colocará outra placa na estrada que dá acesso à fazenda dos filhos de FHC, em Buritis: "Perigo, armamento pesado", ironizando a ida do Exército para proteger a propriedade.

Contra-ataque
O Planalto diz que já levantou os custos da suposta placa que Newtão ameaça colocar perto da fazenda da família de FHC. Pergunta: "O vice-governador vai pagar a placa de seu bolso?"

Sem adversário
Cid Gomes, irmão de Ciro (PPS), não terá concorrência na disputa pela Prefeitura de Sobral (CE). É o único candidato. Com o apoio, inclusive, do PT.

Ligações perigosas
Odmir Fernandes, juiz aposentado acusado na semana passada de intermediar a compra de liminares em SP, é homem da confiança de Regis de Oliveira, o vice de Celso Pitta. Na interinidade, Regis o nomeou para a presidência da Prodam.

Visitas à Folha
José Mário Miranda Abdo, diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), visitou ontem a Folha, onde foi recebido em almoço. Estava acompanhado de Malu Oliveira, assessora de imprensa.  

Eduardo Capobianco, presidente do Conselho Deliberativo da Transparência Brasil, visitou ontem a Folha. Estava acompanhado de Neissan Monadjem, vice-presidente do Conselho Deliberativo da entidade, e de Antonio Marcos Martins, diretor de Mídia da ADAG Serviços de Publicidade Ltda.

TIROTEIO

De José Aníbal, secretário de Covas, respondendo ao tucano Aécio Neves, que cobra de FHC uma definição sobre o candidato tucano à sucessão de 2002:
- É um erro definir já um nome. O PSDB precisa antes reafirmar seu compromisso reformista e recuperar a identidade.

CONTRAPONTO

Tu quem, cara pálida?
Fernando Henrique surpreendeu a todos ao transferir para o Planalto, com sua participação, a reunião com as lideranças do MST, na segunda-feira. O presidente aproveitou a ocasião para anunciar a liberação de R$ 2,1 bilhões para atender reivindicações do movimento.
O clima do encontro desandou depois que FHC saiu, deixando seus ministros para acertar detalhes da negociação.
Ainda na presença de FHC, um dos líderes do MST, Adalberto Martins, o Pardal, era um dos que mais falava. Gaúcho, dirigiu-se algumas vezes a FHC tratando-o como "tu". Era "tu sabes", "tu isso", "tu aquilo".
A certa altura, o presidente não se conteve:
- Mas tu quem? -perguntou, contrariado.
Pardal ficou surpreso:
- Desculpa, presidente. É que eu sou sulista.
Dali em diante foi só "senhor".


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