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Incra considera aumento normal
DA AGÊNCIA FOLHA
As superintendências regionais
do Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
sustentam que o crescimento no
número de acampados no Brasil
constitui o resultado de uma "camuflagem da situação real" da
questão agrária no país realizada
por governos passados.
Segundo os órgãos consultados,
é normal o aumento de acampados no Brasil nos seis primeiros
meses do governo Lula.
"Essas pessoas estavam embaixo do tapete, não apareciam. Mas,
de alguma forma, estavam demandando a reforma agrária. Os
números anteriores não apareciam", declarou o superintendente do Incra em Sergipe, Carlos Antônio de Siqueira Fontenele.
Segundo ele, "o que o governo
atual está fazendo é aceitar a existência dessas pessoas, é encarar
uma situação real, sem camuflagem. Mas, que os acampados aumentaram, não há como negar",
afirmou Fontenele.
Esperança de reforma
Superintendentes regionais de
Estados que apresentam os maiores números de acampados, ouvidos pela Agência Folha, disseram
que o governo Lula "provocou
uma esperança de reforma agrária que levou mais sem-terra para
o campo", nas palavras do superintendente do Incra na Bahia,
Marcelino Antônio Martins Galo.
Em Pernambuco, Estado que
vem sofrendo diversas invasões
de terra por grupos de trabalhadores sem terra, o superintendente regional do Incra considera que
essa situação é "natural".
"É natural, em um governo novo, que tem compromisso com a
reforma agrária, além de uma situação de fome extrema e desespero das famílias, que haja um aumento nos números", declarou o
superintendente João Farias de
Paula Júnior.
Já o responsável pelo Incra na
Bahia diz que o grande número de
famílias acampadas no Estado
não chega a constituir um problema. "A Bahia sempre teve um cenário mais tranquilo em relação à
questão agrária, sem conflitos",
afirmou Marcelino Galo.
Precisamente a Bahia foi o Estado recordista tanto em número de
acampamentos -180- como
em número de acampados, pelo
levantamento parcial. De acordo
com o próprio Incra, os números
podem apresentar crescimento e
apontam para 20 mil famílias de
trabalhadores sem terra -80 mil
pessoas no total- espalhadas pelo Estado.
"A reforma agrária não depende só do Incra. A responsabilidade é tanto do Estado como do Poder Judiciário. A Bahia tem também o maior números de decretos de desapropriação. Temos 50
áreas nesse processo", declarou
Galo.
(JAIRO MARQUES E TIAGO ORNAGHI)
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