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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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Incra considera aumento normal

DA AGÊNCIA FOLHA

As superintendências regionais do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sustentam que o crescimento no número de acampados no Brasil constitui o resultado de uma "camuflagem da situação real" da questão agrária no país realizada por governos passados.
Segundo os órgãos consultados, é normal o aumento de acampados no Brasil nos seis primeiros meses do governo Lula.
"Essas pessoas estavam embaixo do tapete, não apareciam. Mas, de alguma forma, estavam demandando a reforma agrária. Os números anteriores não apareciam", declarou o superintendente do Incra em Sergipe, Carlos Antônio de Siqueira Fontenele.
Segundo ele, "o que o governo atual está fazendo é aceitar a existência dessas pessoas, é encarar uma situação real, sem camuflagem. Mas, que os acampados aumentaram, não há como negar", afirmou Fontenele.

Esperança de reforma
Superintendentes regionais de Estados que apresentam os maiores números de acampados, ouvidos pela Agência Folha, disseram que o governo Lula "provocou uma esperança de reforma agrária que levou mais sem-terra para o campo", nas palavras do superintendente do Incra na Bahia, Marcelino Antônio Martins Galo.
Em Pernambuco, Estado que vem sofrendo diversas invasões de terra por grupos de trabalhadores sem terra, o superintendente regional do Incra considera que essa situação é "natural".
"É natural, em um governo novo, que tem compromisso com a reforma agrária, além de uma situação de fome extrema e desespero das famílias, que haja um aumento nos números", declarou o superintendente João Farias de Paula Júnior.
Já o responsável pelo Incra na Bahia diz que o grande número de famílias acampadas no Estado não chega a constituir um problema. "A Bahia sempre teve um cenário mais tranquilo em relação à questão agrária, sem conflitos", afirmou Marcelino Galo.
Precisamente a Bahia foi o Estado recordista tanto em número de acampamentos -180- como em número de acampados, pelo levantamento parcial. De acordo com o próprio Incra, os números podem apresentar crescimento e apontam para 20 mil famílias de trabalhadores sem terra -80 mil pessoas no total- espalhadas pelo Estado.
"A reforma agrária não depende só do Incra. A responsabilidade é tanto do Estado como do Poder Judiciário. A Bahia tem também o maior números de decretos de desapropriação. Temos 50 áreas nesse processo", declarou Galo. (JAIRO MARQUES E TIAGO ORNAGHI)


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