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São Paulo, domingo, 06 de julho de 2003

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ANÁLISE

Governo teme desgaste de Lula

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Membros da cúpula do governo temem "uma vulgarização de imagem" caso o presidente Luiz Inácio Lula da Silva persista no atual ritmo de improvisos, quebras de protocolo e de um excesso de viagens e de solenidades.
Há ainda preocupação em melhorar a relação com o Judiciário em geral e com o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, em particular.
O boné do MST, que Lula usou na quarta-feira por alguns instantes acendeu o sinal amarelo no chamado "núcleo duro" -grupo de ministros e auxiliares que definem com o presidente a linha política e econômica do governo.
Apesar de Lula ter colocado o boné espontaneamente, foi uma decisão política prestigiar o MST no Palácio do Planalto, ainda que sujeito ao desgaste de ser acusado de leniência em relação ao aumento de invasões e saques.
Na visão do presidente, é difícil controlar o movimento. Além disso, ele está incomodado com o carimbo de que traiu seus ideais em seis meses de poder. O evento do qual a cúpula do MST saiu elogiando o presidente pegou bem no tradicional público petista.
O erro, crêem auxiliares próximos a Lula, foi de tom. O uso do boné serviu de gancho para uma saraivada de críticas que encontram ressonância na parcela da população que votou pela primeira vez em Lula no ano passado.
A Folha apurou que será feita uma "correção de rumo" no comportamento do presidente. Ele próprio reconhece, nas conversas reservadas, que andou exagerando nos últimos dias. No governo, comenta-se que a falta uma presença mais constante em Brasília do publicitário Duda Mendonça.
Foi Duda que transformou em comunicação a estratégia política de moderação de Lula que levou o PT à vitória presidencial na quarta tentativa. Duda andou distante porque estava preparando a campanha para participar da licitação da conta de publicidade da Secretaria de Comunicação de Governo, chefiada por Luiz Gushiken.
Mais: o próprio Lula já ouviu conselhos de ministros e de auxiliares para conter impulsos emotivos, um traço de seu caráter, e para diminuir o ritmo de improvisos e solenidades.
Segundo a Folha apurou, o presidente deverá atender pelo menos à segunda recomendação, apesar de sua agenda ainda estar cheia devido a compromissos marcados antes do "diagnóstico" de que é preciso preservá-lo.


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