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ANÁLISE
Governo teme desgaste de Lula
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Membros da cúpula do governo
temem "uma vulgarização de
imagem" caso o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva persista no
atual ritmo de improvisos, quebras de protocolo e de um excesso
de viagens e de solenidades.
Há ainda preocupação em melhorar a relação com o Judiciário
em geral e com o presidente do
STF (Supremo Tribunal Federal),
Maurício Corrêa, em particular.
O boné do MST, que Lula usou
na quarta-feira por alguns instantes acendeu o sinal amarelo no
chamado "núcleo duro" -grupo
de ministros e auxiliares que definem com o presidente a linha política e econômica do governo.
Apesar de Lula ter colocado o
boné espontaneamente, foi uma
decisão política prestigiar o MST
no Palácio do Planalto, ainda que
sujeito ao desgaste de ser acusado
de leniência em relação ao aumento de invasões e saques.
Na visão do presidente, é difícil
controlar o movimento. Além
disso, ele está incomodado com o
carimbo de que traiu seus ideais
em seis meses de poder. O evento
do qual a cúpula do MST saiu elogiando o presidente pegou bem
no tradicional público petista.
O erro, crêem auxiliares próximos a Lula, foi de tom. O uso do
boné serviu de gancho para uma
saraivada de críticas que encontram ressonância na parcela da
população que votou pela primeira vez em Lula no ano passado.
A Folha apurou que será feita
uma "correção de rumo" no comportamento do presidente. Ele
próprio reconhece, nas conversas
reservadas, que andou exagerando nos últimos dias. No governo,
comenta-se que a falta uma presença mais constante em Brasília
do publicitário Duda Mendonça.
Foi Duda que transformou em
comunicação a estratégia política
de moderação de Lula que levou o
PT à vitória presidencial na quarta tentativa. Duda andou distante
porque estava preparando a campanha para participar da licitação
da conta de publicidade da Secretaria de Comunicação de Governo, chefiada por Luiz Gushiken.
Mais: o próprio Lula já ouviu
conselhos de ministros e de auxiliares para conter impulsos emotivos, um traço de seu caráter, e
para diminuir o ritmo de improvisos e solenidades.
Segundo a Folha apurou, o presidente deverá atender pelo menos à segunda recomendação,
apesar de sua agenda ainda estar
cheia devido a compromissos
marcados antes do "diagnóstico"
de que é preciso preservá-lo.
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