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"Balcão' atrai
voto fisiológico
do enviado especial
Seja no Piauí do folclórico governador "Mão Santa" (PMDB) ou
no rico São Paulo de Mário Covas
(PSDB), o chamado eleitor "fisiológico" corre atrás de vantagens
oferecidas em tempo de eleição.
No tabuleiro de troca de votos
por mercadorias ou benefícios,
vale tudo. "O eleitor quer vantagem, seja uma dentadura ou um
caixão de defunto", diz o prefeito
Newton Carneiro (PPB), de Jaboatão dos Guararapes, a segunda
maior cidade pernambucana.
Cabo eleitoral importante na região metropolitana de Recife, Carneiro vai apoiar Miguel Arraes
(PSB) para governador e tem sido
procurado diariamente por uma
dúzia de candidatos à Câmara e à
Assembléia Legislativa que buscam o seu prestígio.
O prefeito tem uma marca "eleitoreira": sempre obteve muitos
votos com ajuda dos caixões de
defunto que distribui diariamente
para os mais pobres (leia texto
nesta página).
Neste balcão de troca, até o jogador Ronaldo, da seleção brasileira,
vira garoto-propaganda de candidatos com poucas chances eleitorais, como João Oliveira (PT do
B), que tenta uma cadeira de deputado estadual no Ceará.
Oliveira comprou 2.000 camisas
da seleção, com o "9" às costas,
para distribuir aos eleitores.
No Piauí, o governador Mão
Santa e os seus aliados oferecem,
no seu balcão de atrativos, entre
outros benefícios, sopas para famintos e casas populares.
Uma peculiaridade das "moedas" eleitorais do governador é
que todos os programas são conhecidos pela sua marca: "casa
santa", "sopa na mão" etc.
Em São Paulo, o governador
Mário Covas, que vai se licenciar
do cargo hoje, também distribui
chaves de casas, programa social
comum no país. O que é considerado "eleitoreiro" pelos adversários é que o tucano anunciava, até
pouco tempo, no ato de entrega
das casas, que pagaria, do seu bolso, a mensalidade de mutuários.
No sertão nordestino, que passa
por um período de estiagem, as
principais "moedas" passam a ser
o carro pipa, o poço artesiano, a
cesta básica e a vaga para as frentes
de trabalho patrocinadas pelos governos federal e estaduais.
"Ou descolamos alguma coisa
nesse período ou nunca mais", diz
o eleitor "fisiológico" Antonio da
Conceição Pereira, 56, um garçom
cearense, da cidade do Crato, que
mora em São Paulo há 30 anos.
"Aqui nos arredores de São
Paulo, os candidatos fazem do
mesmo jeito dos políticos do Nordeste."
(Xico Sá)
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