São Paulo, segunda, 6 de julho de 1998

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Covas deixa governo hoje e faz campanha

EMANUEL NERI
da Reportagem Local

O governador de São Paulo, Mário Covas (PSDB), transmite o cargo às 10h30 de hoje ao seu vice, Geraldo Alckmin. Hoje mesmo o governador deixará a ala residencial do Palácio dos Bandeirantes e se mudará para seu apartamento.
Covas anunciou o licenciamento do cargo no domingo da semana passada, durante a convenção do PSDB que homologou sua candidatura a um segundo mandato ao governo de São Paulo. A partir de amanhã, ele começa a campanha.
Ao anunciar o licenciamento, Covas disse que sua decisão não se devia a motivos éticos, mas sim à dificuldade que estava tendo para governar o Estado e fazer sua campanha. A declaração teve como objetivo evitar atrito com FHC.
FHC era contrário ao afastamento de Covas do cargo para disputar a reeleição. Como ele vai permanecer no cargo, teme que a oposição explore esse fato. Na última terça-feira, FHC e Covas almoçaram sigilosamente em Brasília.
O afastamento de Covas foi um dos assuntos tratados nesse almoço. Para assessores de FHC, a situação do presidente é diferente da de Covas. Segundo eles, o afastamento de FHC poderia ser um fator de desestabilização política e econômica no país.
Dois dias depois do almoço, coordenadores da campanha de FHC admitiram a possibilidade de o presidente subir em dois palanques na campanha para o governo paulista -no de Covas e no de Paulo Maluf (PPB), tradicional adversário dos tucanos paulistas.
No dia seguinte, Covas evitou criticar FHC e os coordenadores de sua campanha. Mas era visível seu descontentamento. "Não tenho nada a dizer sobre isso. Eu não vou brigar com o presidente."
"O presidente vai aonde achar que deve ir. Tem de fazer sua campanha. Só posso dizer o seguinte: o PSDB de São Paulo estará sempre contra o Maluf."
Auxiliares do governador afirmavam na sexta-feira passada que não são boas as relações entre ele e o presidente. O governador, segundo eles, não tem gostado da ambiguidade de FHC na disputa pelo governo paulista. Mas Covas evitará críticas públicas a FHC.



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