São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2001

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SENADO SOB PRESSÃO

Procurador-geral entrega documentos amanhã; para Jefferson Péres, processo deve terminar em 30 dias

Dossiê Banpará chega ao Conselho de Ética

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Os senadores da comissão destacada para investigar o senador Jader Barbalho (PMDB-PA) receberão amanhã à tarde os documentos sobre o caso Banpará.
O dossiê será entregue pelo procurador-geral da República, Geraldo Brindeiro, ao coordenador da comissão, senador Romeu Tuma (PFL-SP).
Entre os papéis estarão a nota técnica concluída na semana passada pela 5ª Câmara do Ministério Público Federal e os relatórios de fiscalização do Banco Central (BC) sobre o assunto.
Segundo a nota técnica, há "veementes indícios" em documentos do BC de que Jader, seus parentes e suas empresas foram beneficiados pela verba desviada do Banpará (Banco do Estado do Pará).
O senador Jader Barbalho, seus parentes e suas empresas são apontados como beneficiários no desvio de 11 cheques administrativos do Banpará, nos anos 80, que foram destinados a aplicações em títulos de renda fixa na agência Jardim Botânico do Banco Itaú, no Rio de Janeiro.

Fraude
Na ata da reunião da 5ª Câmara do Ministério Público Federal que aprovou a nota técnica, a emissão dos cheques administrativos foi classificada como "fraudulenta".
Segundo concluiu a 5ª Câmara, o Ministério Público do Estado do Pará já pode promover a ação de ressarcimento dos prejuízos causados aos cofres públicos.
"Falei com Brindeiro por telefone e ele prometeu colocar todos os documentos do Banpará à nossa disposição na próxima terça-feira [amanhã"", disse o senador Romeu Tuma.
O pefelista também pretende se reunir com o subprocurador Paulo de Tarso Braz Lucas, coordenador das investigações no Ministério Público, para discutir o caso.
Ainda hoje, Geraldo Brindeiro deve enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) pedido de abertura de inquérito criminal contra Jader e sua ex-mulher, a deputada federal Elcione Barbalho (PMDB-PA), por envolvimento nos desvios do Banpará. Como congressistas, ambos têm foro privilegiado e só podem ser processados criminalmente no STF.

Conselho de Ética
Além dos desvios no Banpará, a comissão criada no Conselho de Ética para investigar Jader Barbalho tem mais duas missões: concluir se o presidente licenciado do Senado mentiu na tribuna ao falar sobre sua declaração de Imposto de Renda e se cobrou propina para liberar verbas da Sudam.
Para esclarecer essa última acusação, Romeu Tuma irá hoje à tarde à sede da revista "IstoÉ", em São Paulo, para obter cópia da gravação na qual o ex-deputado Mário Frota (PDT-AM) cobraria um pedágio em nome de Jader.
"Se o ex-deputado continuar negando que a voz é dele, mas sim de um assessor, vamos determinar à Polícia Federal que faça uma perícia na fita. Isso vai esclarecer a autenticidade da gravação", antecipou Tuma, que lidera a comissão também composta pelos senadores Jefferson Péres (PDT-AM) e João Alberto (PMDB-MA).
Mário Frota disse que a voz é de um ex-assessor, que costumava imitá-lo. Péres afirmou ontem que não haverá "procrastinação" (adiamento) e explicou que se trata de uma "investigação sumária" contra Jader Barbalho.
"Em 30 dias, se não houver nenhum pedido de informações ou atraso, vamos pedir a abertura de processo por quebra de decoro parlamentar contra ele ou arquivar as denúncias", informou.



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