São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2001

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SOCORRO

Missão que acertou acordo com FMI busca mais recursos para cobrir rombo nas contas externas e para o setor energético

Brasil quer mais dinheiro do Bird e do BID

MARCIO AITH
DE WASHINGTON

O governo brasileiro negocia com o Bird (Banco Mundial) e com o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) a concessão de empréstimos para cobrir o rombo nas contas externas e vinculados a reformas do setor energético.
No Bird, o governo deseja buscar recursos adicionais associados à crise de energia. Ao BID, foi solicitada a concessão, até o final de 2002, de empréstimos para ajudar a equilibrar o balanço de pagamentos (resultado de todas as transações do país com o exterior) num total de US$ 1 bilhão.
O assunto foi tratado em Washington pela mesma missão que negociou o novo pacote de ajuda do FMI ao Brasil. Se confirmados, os novos empréstimos se somariam aos US$ 15 bilhões que o governo poderá sacar do FMI até dezembro do ano que vem e aos recursos garantidos, mas ainda não sacados, que o Brasil já havia obtido do Bird e do BID.
No Bird, o Brasil tem a sacar, até junho de 2002, cerca de US$ 850 milhões em empréstimos setoriais. No BID, existem outros US$ 600 milhões de linhas de crédito para pequenas e médias empresas por meio do BNDES.
Na semana passada, enquanto negociava com o FMI, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Amaury Bier, encontrou-se com o diretor do Bird, Sven Sandstron, para explorar possibilidades de novos recursos. À Folha, Bier confirmou as conversas, mas evitou comentar valores e datas: "Nossas conversas com essas instituições são sempre permanentes. Estamos sempre buscando alternativas interessantes", disse. "E vamos continuar tendo essas conversas."
O governo brasileiro considera "saudável" e "prudente" garantir também recursos do Bird e do BID porque, por um motivo técnico, os empréstimos dessas duas instituições compõem as reservas líquidas brasileiras e podem ser usados diretamente para reforçar a blindagem de proteção do real.
Já os recursos oferecidos pelo FMI, por não serem considerados empréstimos, não elevam as reservas líquidas do país, mas somente as reservas brutas.
Como o atual acordo do Brasil com o FMI estipula que o Brasil deve manter um piso das reservas líquidas em US$ 25 bilhões, toda vez que o Brasil saca recursos do Fundo, suas reservas brutas aumentam, mas as reservas líquidas permanecem no mesmo patamar, não alterando o poder de fogo do Banco Central para atuar no mercado de câmbio e impedir uma desvalorização excessiva do real.
O novo acordo com o Fundo deverá contemplar uma redução do piso das reservas para permitir o aproveitamento dos recursos do FMI. Mas essa redução, sozinha, talvez não seja suficiente para cobrir as necessidades de financiamento externo do Brasil em 2002.



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