São Paulo, segunda-feira, 06 de agosto de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM CRISE

Professores param hoje; "piqueteiros" bloqueiam estradas por dois dias a partir de amanhã; governo teme violência

Argentina enfrenta semana de protestos contra ajuste

ROGERIO WASSERMANN
DE BUENOS AIRES

Enquanto espera uma possível sinalização de ajuda financeira pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), o governo argentino se prepara para enfrentar nesta semana uma nova onda de protestos populares contra seu plano de ajuste fiscal.
Há uma série de manifestações previstas, que incluem uma paralisação de professores, novos bloqueios de estradas, passeatas e uma greve convocada pela menor das três principais centrais sindicais do país.
Há uma semana, o Senado argentino aprovou projeto de ajuste fiscal que prevê cortes de 13% nos salários e aposentadorias superiores a US$ 500 neste mês. Segundo o pacote, o piso para cortes pode ser elevado para US$ 1.000, caso haja um aumento da arrecadação. Mas os dados referentes à arrecadação de julho, que caiu 8,7% em relação ao mesmo mês do ano passado, tornam mais difícil o cumprimento da meta de déficit zero. O encolhimento da arrecadação, diferentemente do esperado, pode elevar a porcentagem de cortes nos salários de 13% para 20%, segundo declarações do secretário de Política Econômica, Frederico Sturzenegger.

Bloqueio de estradas
Os chamados "piqueteiros", grupos organizados de desempregados, sem-teto e sindicalistas que protestam bloqueando estradas, iniciam amanhã um novo megaprotesto com bloqueios em todo o país, a exemplo do que fizeram na semana passada.
Os piqueteiros prometem que desta vez os bloqueios serão mantidos por 48 horas. Na terça-feira da semana passada, os manifestantes bloquearam parcialmente quase 150 pontos em todo o país durante 24 horas.
Os líderes do movimento prometem promover bloqueios todas as semanas, aumentando sua duração progressivamente, enquanto o governo não revogar os cortes nos salários de funcionários públicos e aposentadorias destinados a zerar o déficit fiscal.
Os manifestantes também exigem a libertação de 52 manifestantes que estão presos e uma anistia a outros 2.800 que foram processados.
O governo ainda teme a possibilidade de que os protestos se transformem em atos violentos, apesar da relativa calma com que transcorreram os bloqueios da semana passada.
Nesta semana, para complementar o impacto das manifestações, os piqueteiros pretendem propor um panelaço e um apagão para buscar apoio ao protesto entre a classe média urbana.
A CTA (Central dos Trabalhadores Argentinos) anunciou no fim de semana uma greve de seus afiliados para a quarta-feira, quando pretende também realizar um grande protesto em frente à Casa Rosada, sede da Presidência, em Buenos Aires.
Os protestos contra o plano de ajuste também estão afetando a área de educação. A CTERA (Federação dos Trabalhadores de Educação da República Argentina) anunciou uma paralisação nacional para a quarta-feira.
Hoje, dia de retorno às aulas, os professores da rede pública da Província de Buenos Aires farão uma greve de 24 horas contra os ajustes e contra a decisão do governo da Província de pagar parte dos salários em bônus.



Texto Anterior: Acordo com FMI prevê crescimento de 3%
Próximo Texto: Governo ainda espera ajuda dos EUA
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.