São Paulo, terça-feira, 06 de agosto de 2002

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NO VERMELHO

Candidato promete que operadores ganharão "um trocado a mais"

Petista faz discurso no pregão

João Wainer/Folha Imagem
O candidato Lula conversa com operadores durante visita à Bolsa de Valores de São Paulo


DA REPORTAGEM LOCAL

Em sua visita de estréia à Bolsa paulista, Luiz Inácio Lula da Silva (PT) percorreu ontem um dos pontos mais associados ao capital financeiro nacional, o salão do "pregão" da Bovespa.
Lá, ele acompanhou ao vivo o trabalho dos operadores que, telefones em punho, gritam as ordens de "compra" e "vende".
A visita de Lula foi um contraste com algumas de suas últimas atividades de campanha, em que procurou associar sua imagem ao do investimento produtivo, com críticas frequentes ao capital especulativo -aquele que se utiliza justamente das Bolsas.
Lula se dirigia ao andar da diretoria da instituição quando, reconhecido por operadores, resolveu fazer um desvio.
Durante cerca de dez minutos, o petista passeou pelo pregão, guiado pelo presidente da Bolsa, Raymundo Magliano Filho. Cumprimentou os que trabalhavam no momento, ouviu explicações sobre o funcionamento do painel que lista as ações e acabou fazendo um rápido discurso a cerca de 50 pessoas.
"Para a Bolsa crescer, é preciso a economia voltar a crescer. Aí, a gente consegue ganhar um trocado a mais", disse. Foi aplaudido pelos operadores.
A Bolsa vive um momento de baixa. Há cerca de 400 empresas com ações sendo negociadas -já foram mais de mil. Cerca de 200 operadores trabalham no pregão, mas já foram 1.200.
Mais tarde, Lula disse que aquele era um momento histórico, que representava a "evolução" do PT. Nas entrelinhas, a mensagem de que o partido, depois de conquistar a tolerância de grande parte do empresariado, agora quer ser confiável aos olhos do inexplorado universo do mercado acionário.
O clima era cordial ao ponto de o presidente da Bovespa ter chamado Lula de "presidente". Sua assessoria depois esclareceu que foi um lapso e que ele queria dizer candidato.
Dirigindo-se à imprensa, Lula fez piada com o simbolismo do evento que acabara de protagonizar: "Vocês viviam dizendo que o Lula derruba a Bolsa, hoje deve ter subido com a minha visita". A Bolsa caiu 3,88% ontem.
O petista defendeu a "popularização" do mercado de capitais, afirmando que é preciso estratégia para convencer os trabalhadores a usarem-no.
"Porque, se deixar, o trabalhador acaba preferindo a poupança, onde não ganha nada, mas também não perde. E não perder, para quem tem R$ 50, é muito importante", afirmou.
"Gostaria eu mesmo de ser convencido da vantagem de comprar ações", declarou Lula.
O programa do PT deverá prever um mecanismo pelo qual seria facilitada a constituição de fundos de pensão por categorias profissionais, o que, acredita o partido, ajudará a aumentar a poupança do país e a movimentar o mercado de capitais.
Em tom de brincadeira, o petista anunciou que, após a eleição, pretende comprar ações da Coteminas, grupo têxtil de seu vice, José Alencar. (FZ)



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