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SÃO PAULO
Ex-senador alega "risco" de não receber do tribunal e alta do dólar
Luiz Estevão desiste da obra do TRT
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O senador cassado Luiz Estevão
desistiu de participar da nova licitação para o término da construção do fórum trabalhista de São
Paulo. O Grupo OK, do ex-senador, que chegou a comprar o edital de licitação, não apresentou
ontem a proposta de preços.
A empresa de Estevão participou da primeira fase da construção do prédio do TRT (Tribunal
Regional do Trabalho) e foi denunciada pelo Ministério Público
Federal como uma das responsáveis pelo desvio de R$ 169,5 milhões da obra. Em primeira instância, a Justiça absolveu o ex-senador de qualquer irregularidade.
Segundo Estevão, dois fatores
pesaram em sua decisão: a falta de
garantia de pagamento por parte
do tribunal e a instabilidade do
dólar. "O TRT tem 16% dos recursos para a obra e, além disso, cerca
de 25% do material necessário para a construção é importado. O
risco é muito grande para a nossa
empresa", disse o ex-senador.
Segundo avaliação de técnicos e
de engenheiros do Banco do Brasil, que prestam assessoria ao fórum, serão necessários cerca de
R$ 40 milhões para a conclusão da
obra, que está embargada judicialmente desde 1998.
"Poderíamos ter participado da
licitação. Não há e nunca houve
argumento legal ou moral que
nos impedisse. A decisão foi nossa", afirmou o ex-senador, que foi
cassado em 2000 pelo Senado por
quebra de decoro parlamentar
-ele teria mentido durante investigação do desvio de dinheiro
do fórum.
Propostas
Das dez construtoras que adquiriram o edital de licitação para a
conclusão do fórum, apenas quatro apresentaram os envelopes
com as propostas: MPC Engenharia, Planova, OAS e Schain. O resultado da concorrência pública
deverá ser divulgado na próxima
semana.
A Justiça, além de absolver Estevão, inocentou também Fábio
Monteiro de Barros Filho e José
Eduardo Teixeira Ferraz, administradores da Incal, responsável
pela obra, da acusação de corrupção ativa, entre outras.
O único condenado no caso é o
juiz aposentado Nicolau dos Santos Neto, ex-presidente do órgão.
Ele deverá cumprir oito anos de
prisão em regime semi-aberto pelos crimes de lavagem de dinheiro
(cinco anos de prisão) e de tráfico
de influência (usar o cargo em
proveito próprio ou de outra pessoa, três anos de prisão).
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