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REFORMA SOB PRESSÃO
Presidente da AMB diz ter certeza de que Supremo vai considerar inconstitucional limite de 85,5%
Juízes tentarão derrubar subteto no STF
SILVANA DE FREITAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente da AMB (Associação dos Magistrados Brasileiros),
desembargador Claudio Baldino
Maciel, disse que a entidade pedirá ao STF (Supremo Tribunal Federal) que derrube o subteto salarial do Judiciário estadual de
85,5% do que ganham ministros
do Supremo caso o governo insista em manter esse limite.
"A AMB vai propor uma ação
direta de inconstitucionalidade
no primeiro dia após a promulgação da emenda [da reforma da
Previdência] se isso não for corrigido, porque é motivado por mesquinhez. Não tem sentido o governo fazer disso um cavalo de
batalha", disse. Ele acusou o governo de fazer "picuinhas".
A questão é tão polêmica que levou os juízes a aprovar uma greve
nacional, que teria começado ontem e duraria até a próxima terça-feira. Eles recuaram em razão de
sinais dos líderes do governo de
que cederiam nesse ponto e da
evidência de desgaste. Por enquanto, a retomada da paralisação está fora de cogitação.
Baldino Maciel disse que os representantes da magistratura tentarão até o último momento convencer deputados e senadores da
necessidade de elevação do limite
para 90,25% do que ganham ministros do STF. A reforma da Previdência irá instituir o teto do funcionalismo em R$ 17.300, o salário
de ministros do STF. O subteto
corresponderá à remuneração
dos desembargadores, que estão
no topo da Justiça estadual.
Os governadores queriam que
esse limite fosse 75% (R$ 12.975),
mas os juízes reivindicam 90,25%
(R$ 15.613). Ontem, os líderes do
governo propuseram 85,5%, correspondentes a R$ 14.791, mas o
presidente do STF, Maurício Corrêa, disse ao deputado Sigmaringa Seixas (PT-DF) que a magistratura rejeita esse limite.
O presidente da AMB afirmou
que os Estados correm o risco de
ficar sem nenhum subteto, porque o Supremo certamente derrubará o limite de 85,5%. "Como
magistrado, posso afirmar com
toda a tranquilidade que o STF vai
declarar inconstitucional."
Para ele, o governo pode ter insistido no limite menor por vaidade ou para não dar o braço a torcer. "Aparentemente, pelo que se
sabe, foi o presidente da República que bateu o pé", disse.
Segundo Baldino Maciel, haveria uma inconstitucionalidade:
muitos Estados fixaram o salário
do desembargador em 90,25%: o
valor menor implicaria violação
do princípio constitucional da irredutibilidade dos salários.
Corrêa não quis comentar o impasse. Por meio de sua assessoria,
disse que aguarda confiante a votação no plenário. O presidente
do Tribunal Superior do Trabalho, Francisco Fausto, disse que o
teto "justo" é o de 90,25%.
O ministro do STF Carlos Ayres
Britto, um dos três nomeados pelo presidente Lula, concedeu quatro liminares em habeas corpus
assegurando a grupos de servidores o direito de entrar na Câmara,
desde que os espaços internos não
estivessem lotados. Na semana
passada, Corrêa já havia concedido quatro liminares. Ayres Britto
também não havia apreciado um
pedido de liminar de dois deputados do PFL: Rodrigo Maia (RJ) e
Onyx Lorenzoni (RS) pela suspensão da tramitação da emenda
da reforma da Previdência.
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