São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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CONSELHO DE PRESIDENTE

Afirmação, no Rio, repete campanha do governo na mídia

Desemprego é desgraça, mas brasileiro não desiste, diz Lula

GABRIELA WOLTHERS
DA SUCURSAL DO RIO

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem, no Rio, que o desemprego é uma "desgraça", mas que o brasileiro não pode se deixar abater. "Temos que olhar para a frente e dizer: sou brasileiro e brasileira, não desisto nunca e tenho certeza de que vou conquistar as coisas em que acredito."
Há uma campanha publicitária do governo em veiculação que conclama o brasileiro justamente a ser perseverante. Lula lembrou que já ficou desempregado por mais de um ano. "Sei que é duro ficar desempregado, mas a gente não pode permitir que nenhuma desgraça abata nosso moral."
O presidente passou a manhã na Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), em comemoração do Dia da Saúde. Ao receber documento com reivindicações de sindicalistas da associação dos servidores da instituição, pediu paciência.
"Um grande problema que enfrentamos é que quase tudo ligado ao funcionalismo público está atrasado dez, 15, 18, 19 anos. As pessoas não podem esquecer que temos apenas 18 meses de governo, não temos 18 anos." Entre as reivindicações está a criação de nova gratificação para a categoria.
No período em que ficou na instituição, Lula foi bem recebido pelos funcionários. Ao inaugurar a nova sede da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio, foi aplaudido diversas vezes. "Ele é uma gracinha, uma fofura", dizia a pesquisadora Nair Navarro, 62.
Em vez do já costumeiro boné, Lula vestiu o jaleco da escola. Além de descerrar a placa de inauguração, ele e os ministros presentes deixaram as assinaturas numa das paredes do prédio, que, segundo o presidente, já foi apelidado de "Beterrabão" ou "Berinjelão", por causa da cor puxada para o vinho. Em poucos minutos, alunos se acotovelavam em frente à assinatura de Lula para tirar fotos. Acompanharam o presidente na visita os ministros Humberto Costa (Saúde), Tarso Genro (Educação) e Eduardo Campos (Ciência e Tecnologia).
Lula recebeu o título de doutor honoris causa da Fiocruz e o levantou como se fosse um troféu. Em seguida, confundiu a razão do título -uma honraria, não uma especialização, como especulou. "Podem ficar certo de que não vou clinicar com esse diploma, porque, se fosse doutor honoris causa em ciência política, até poderia fazer política. Mas, em se tratando de saúde, vou respeitar os profissionais do nosso país."

Fábrica comprada
O presidente também assinou o termo que dá posse à Fiocruz da fábrica de medicamentos da Glaxo, comprada por R$ 18 milhões. Segundo o Ministério da Saúde, a instalação, em Jacarepaguá (zona oeste do Rio), permitirá a produção, em 2007, de 10 bilhões de unidades farmacêuticas, como pílulas ou ampolas. No ano passado, a Fiocruz fez 1,7 bilhão de unidades.
A fundação abastece o SUS (Sistema Único de Saúde) e as farmácias populares. Produz 60 tipos de medicamento, como sete dos 16 anti-retrovirais que compõem o coquetel da Aids. Com a fábrica, produzirá cerca de cem até 2007. A expectativa é que, no próximo ano, inicie a fabricação de antibióticos, como a amoxilina, comprados hoje de empresas privadas.
Em seu discurso, Lula afirmou que desde criança ouvia dos pais a seguinte frase: "Se tiver saúde, o resto a gente faz". Segundo ele, essa é a "máxima" que marca a sua visão de governo sobre saúde.


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