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OUTRO LADO
Chefe do BC justifica operação
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles, disse que a
operação divulgada ontem pelo
site da revista "Veja" foi feita com
"dinheiro legítimo, com Imposto
de Renda pago e tudo declarado".
Ele disse estar tranqüilo e que não
cogita deixar o governo.
Segundo Meirelles, ele fez inúmeros pagamentos nos EUA no
ano de 2002, quando voltou para
o Brasil. "Se o problema é o valor
elevado, o que posso fazer? Eu fiz
vários pagamentos altos naquele
ano. Agora, se o recebedor me
deu uma conta de um doleiro, como minha secretária poderia saber?", afirmou Meirelles.
Ele disse não ter condições, no
momento, de identificar o nome
da pessoa que teria recebido a
quantia mencionada pela revista,
de US$ 50.677,12. Se o documento
referente à operação ainda existir,
Meirelles disse que ele está arquivado nos Estados Unidos.
"Olha, tudo que é receita eu tenho documentado. O que eu usei
para deduzir pagamentos de imposto, também. Mas não posso
dizer se tenho todos os documentos referentes a pagamentos arquivados. Teremos de verificar",
disse. Destacou que o pagamento
citado por "Veja" "é apenas uma
fração do que gastei em 2002".
O presidente do BC fez questão
de dizer que a operação refere-se,
no seu caso, a um pagamento de
despesa, não de remessa. Segundo ele, se o dinheiro foi remetido
para o Brasil, isso foi feito pelo recebedor. Meirelles afirmou, porém, que remeter dinheiro para o
Brasil não é ilegal. Em sua opinião, a pessoa pode ter optado por
uma forma não apropriada de enviar os recursos, por meio de um
doleiro.
"Agora, no meu caso, eu costumo fazer remessas do exterior para o Brasil regularmente. Se o problema é o valor, paciência. Eu envio legalmente valores até maiores do que aquele, que foi um pagamento de uma despesa lá", afirmou, acrescentando que a ordem
bancária incluindo até centavos
indica que foi só um pagamento.
Meirelles disse que conversou
ontem com os ministros Antonio
Palocci Filho (Fazenda) e Márcio
Thomaz Bastos (Justiça) para esclarecer o caso. Afirmou ter recebido sinalizações do presidente
Lula de que suas explicações são
corretas e que fica no governo.
O presidente do BC disse que a
conta usada para fazer o pagamento não consta de sua declaração de renda no Brasil porque ela
foi encerrada no mesmo ano.
"Era uma conta de corretagem,
aberta em 2002 e encerrada naquele ano quando decidi voltar."
A assessoria do BC também divulgou nota ontem rebatendo as
acusações veiculadas pela revista
em cinco tópicos. A instituição informou que o caso citado "foi
apenas mais um entre os inúmeros pagamentos feitos" por Meirelles da forma descrita pela revista durante o período em que morou nos EUA e que a transação estaria de acordo tanto com a Receita quanto com o fisco americano.
Segundo a nota, é comum nos
EUA a realização de pagamentos
por meio do envio de recursos para uma conta bancária indicada
pelo recebedor. "O presidente do
BC não tinha condições de controlar ou auditar contas bancárias
indicadas pelo recebedor. Meirelles, portanto, não conhece a empresa mencionada pela reportagem", escreveu a instituição.
De acordo com a nota, a conta
de Meirelles citada na reportagem
foi ativada em 23 de agosto de
2002 e desativada em 3 de dezembro daquele mesmo ano, por isso,
não foi incluída na declaração de
bens relativa a 2002.
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