São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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OUTRO LADO

Chefe do BC justifica operação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, disse que a operação divulgada ontem pelo site da revista "Veja" foi feita com "dinheiro legítimo, com Imposto de Renda pago e tudo declarado". Ele disse estar tranqüilo e que não cogita deixar o governo.
Segundo Meirelles, ele fez inúmeros pagamentos nos EUA no ano de 2002, quando voltou para o Brasil. "Se o problema é o valor elevado, o que posso fazer? Eu fiz vários pagamentos altos naquele ano. Agora, se o recebedor me deu uma conta de um doleiro, como minha secretária poderia saber?", afirmou Meirelles.
Ele disse não ter condições, no momento, de identificar o nome da pessoa que teria recebido a quantia mencionada pela revista, de US$ 50.677,12. Se o documento referente à operação ainda existir, Meirelles disse que ele está arquivado nos Estados Unidos.
"Olha, tudo que é receita eu tenho documentado. O que eu usei para deduzir pagamentos de imposto, também. Mas não posso dizer se tenho todos os documentos referentes a pagamentos arquivados. Teremos de verificar", disse. Destacou que o pagamento citado por "Veja" "é apenas uma fração do que gastei em 2002".
O presidente do BC fez questão de dizer que a operação refere-se, no seu caso, a um pagamento de despesa, não de remessa. Segundo ele, se o dinheiro foi remetido para o Brasil, isso foi feito pelo recebedor. Meirelles afirmou, porém, que remeter dinheiro para o Brasil não é ilegal. Em sua opinião, a pessoa pode ter optado por uma forma não apropriada de enviar os recursos, por meio de um doleiro.
"Agora, no meu caso, eu costumo fazer remessas do exterior para o Brasil regularmente. Se o problema é o valor, paciência. Eu envio legalmente valores até maiores do que aquele, que foi um pagamento de uma despesa lá", afirmou, acrescentando que a ordem bancária incluindo até centavos indica que foi só um pagamento.
Meirelles disse que conversou ontem com os ministros Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Márcio Thomaz Bastos (Justiça) para esclarecer o caso. Afirmou ter recebido sinalizações do presidente Lula de que suas explicações são corretas e que fica no governo.
O presidente do BC disse que a conta usada para fazer o pagamento não consta de sua declaração de renda no Brasil porque ela foi encerrada no mesmo ano. "Era uma conta de corretagem, aberta em 2002 e encerrada naquele ano quando decidi voltar."
A assessoria do BC também divulgou nota ontem rebatendo as acusações veiculadas pela revista em cinco tópicos. A instituição informou que o caso citado "foi apenas mais um entre os inúmeros pagamentos feitos" por Meirelles da forma descrita pela revista durante o período em que morou nos EUA e que a transação estaria de acordo tanto com a Receita quanto com o fisco americano.
Segundo a nota, é comum nos EUA a realização de pagamentos por meio do envio de recursos para uma conta bancária indicada pelo recebedor. "O presidente do BC não tinha condições de controlar ou auditar contas bancárias indicadas pelo recebedor. Meirelles, portanto, não conhece a empresa mencionada pela reportagem", escreveu a instituição.
De acordo com a nota, a conta de Meirelles citada na reportagem foi ativada em 23 de agosto de 2002 e desativada em 3 de dezembro daquele mesmo ano, por isso, não foi incluída na declaração de bens relativa a 2002.


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