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Para petistas, crise atingiu governo
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Em documento a ser apresentado neste final de semana, durante
a reunião do diretório nacional do
partido, em São Paulo, a bancada
do PT no Senado admite que os
escândalos atingiram o governo, e
não só o partido.
"As denúncias de corrupção, de
caixa dois e de desrespeito à causa
pública atingiram vários integrantes da estrutura do PT e do
governo federal", diz o texto, ao
qual a Folha teve acesso.
Diz, ainda, que a imagem do
partido está prejudicada na opinião pública: "A crise abala a esperança de quem acredita na possibilidade e na necessidade de se
implantar no Brasil uma administração viável politicamente, mas
ao mesmo tempo amplamente
democrática, popular, transparente e transformadora".
Apesar de reconhecer, já no primeiro parágrafo, que as denúncias atingem integrantes do governo federal, o quarto parágrafo
do texto abre pregando a defesa
do presidente da República: "O
PT não titubeará na defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Cita os 52 milhões de votos da
eleição de 2002 e se refere aos "resultados alcançados nos dois anos
de governo federal".
Durante reunião dos 13 senadores na liderança do PT no Senado,
nesta semana, Saturnino Braga
(RJ) fez duras críticas a Lula. Conforme a Folha apurou, ele disse
que Lula "não estava preparado"
para a Presidência e disse: "Elegemos um homem que não tem
competência para gerir o país".
O único senador petista que defendeu enfaticamente Lula durante a reunião foi o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Disse que Lula tem
"uma noção clara" do tamanho
da crise, discorreu sobre a estabilidade da economia e ditou dados
sobre o crescimento do país, a
criação de empregos, as políticas
sociais e as operações da Polícia
Federal contra sonegação fiscal.
O documento preliminar estava
sendo alterado até a noite de ontem. Não havia consenso, por
exemplo, sobre duas citações críticas aos dois governos do tucano
Fernando Henrique (1995-2003).
Depois de um reconhecimento
de culpa e um pedido de desculpas formal "ao povo brasileiro", o
texto diz que essa postura é um
"diferencial em relação a outros
governos e partidos que, mesmo
diante de fortes evidências, se recusaram a apurar os fatos".
Entre esses fatos, cita a compra
de votos para a reeleição de FHC
em 1998 e provoca: "Setores da
oposição cobram do PT e do governo federal um comportamento ético e moral que jamais tiveram quando governaram o país".
O texto propõe que haja um rigoroso controle de gastos nas
campanhas eleitorais já em 2006,
com proibição de "showmícios".
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