São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para petistas, crise atingiu governo

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

Em documento a ser apresentado neste final de semana, durante a reunião do diretório nacional do partido, em São Paulo, a bancada do PT no Senado admite que os escândalos atingiram o governo, e não só o partido.
"As denúncias de corrupção, de caixa dois e de desrespeito à causa pública atingiram vários integrantes da estrutura do PT e do governo federal", diz o texto, ao qual a Folha teve acesso.
Diz, ainda, que a imagem do partido está prejudicada na opinião pública: "A crise abala a esperança de quem acredita na possibilidade e na necessidade de se implantar no Brasil uma administração viável politicamente, mas ao mesmo tempo amplamente democrática, popular, transparente e transformadora".
Apesar de reconhecer, já no primeiro parágrafo, que as denúncias atingem integrantes do governo federal, o quarto parágrafo do texto abre pregando a defesa do presidente da República: "O PT não titubeará na defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva".
Cita os 52 milhões de votos da eleição de 2002 e se refere aos "resultados alcançados nos dois anos de governo federal".
Durante reunião dos 13 senadores na liderança do PT no Senado, nesta semana, Saturnino Braga (RJ) fez duras críticas a Lula. Conforme a Folha apurou, ele disse que Lula "não estava preparado" para a Presidência e disse: "Elegemos um homem que não tem competência para gerir o país".
O único senador petista que defendeu enfaticamente Lula durante a reunião foi o líder do governo no Senado, Aloizio Mercadante (SP). Disse que Lula tem "uma noção clara" do tamanho da crise, discorreu sobre a estabilidade da economia e ditou dados sobre o crescimento do país, a criação de empregos, as políticas sociais e as operações da Polícia Federal contra sonegação fiscal.
O documento preliminar estava sendo alterado até a noite de ontem. Não havia consenso, por exemplo, sobre duas citações críticas aos dois governos do tucano Fernando Henrique (1995-2003).
Depois de um reconhecimento de culpa e um pedido de desculpas formal "ao povo brasileiro", o texto diz que essa postura é um "diferencial em relação a outros governos e partidos que, mesmo diante de fortes evidências, se recusaram a apurar os fatos".
Entre esses fatos, cita a compra de votos para a reeleição de FHC em 1998 e provoca: "Setores da oposição cobram do PT e do governo federal um comportamento ético e moral que jamais tiveram quando governaram o país".
O texto propõe que haja um rigoroso controle de gastos nas campanhas eleitorais já em 2006, com proibição de "showmícios".


Texto Anterior: Escândalo do "mensalão"/Partidos: PT manobra para desviar foco, diz Serra
Próximo Texto: Tarso ameaça desistir de candidatura no PT
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.