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Tarso ameaça desistir de candidatura no PT
CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Em mais um dia de crise à frente
da sigla, com a renúncia do coordenador da Comissão de Ética, o
presidente do PT, Tarso Genro,
ameaçou desistir da candidatura
à presidência do partido, caso não
haja sua "refundação". Ao falar ao
Campo Majoritário -corrente
que representa na disputa- Tarso lembrou que aceitara concorrer sob condições, como a transparência e a ampliação do diálogo
interno e com a sociedade.
"Sou candidato de um programa. Se não for possível [cumpri-lo], [o secretário-geral,Ricardo]
Berzoini é meu candidato", disse.
Para ele, "não é momento de
queimar pontes". O deputado Devanir Ribeiro (SP), que, ao discursar, criticou a proposta de "refundação" partidária, disse, depois,
que, "se Tarso desistir, o Campo
trocará de candidato".
No centro da crise, o ex-ministro José Dirceu só chegou no início da noite, após a saída de Tarso.
Numa reunião esvaziada e tensa, Tarso listou suas exigências,
como a necessidade de o partido
assumir seus erros. Segundo participantes, defendeu a punição
dos acusados de envolvimento no
escândalo do "mensalão" e citou
o deputado Paulo Rocha (PA) como exemplo de um parlamentar
que captou recursos para ajudar
campanha. Mas será punido.
Apelando para que a corrente
não imponha mais suas decisões
ao Diretório Nacional, Tarso disse, segundo a senadora Ideli Salvati (SC), que não "basta trocar o
comando", mas o partido.
Debilitada, a corrente não conseguiu decidir pelo pedido formal
de adiamento da eleição interna,
prevista para setembro. Ficou definido que procurariam as demais
correntes para sugerir que fosse
programada para 9 de outubro.
Num encontro esvaziado -de
uma lista de 83 deputados federais e integrantes do Diretório, só
foram 31- seus integrantes também não foram capazes de decidir
pelo afastamento do ex-tesoureiro Delúbio Soares, defendida por
Tarso, Berzoini e o secretário de
Comunicação, Humberto Costa.
Comissão de ética
Irritado com Tarso, o coordenador da Comissão de Ética do PT,
Danilo de Camargo, resolveu deixar ontem a função até a eleição
interna. O depoimento de Delúbio à comissão, marcado para
amanhã, está mantido. Um substituto de Camargo será nomeado.
Anteontem, na reunião da Executiva Nacional do PT, três dirigentes do comando que assumiu
após a crise -Tarso Genro, Berzoini e o tesoureiro José Pimentel- abstiveram-se na votação
que julgava se Camargo tinha ou
não isenção para coordenar o
processo que investiga Delúbio. O
placar foi: seis a favor, cinco por
sua saída e quatro abstenções. Camargo informou que concorrerá
ao cargo da comissão no PED.
Ele foi questionado por um integrante da Comissão de Ética por
ter se reunido em São Paulo com
petistas ligados à José Adalberto
Vieira da Silva (PT-CE), dois dias
após ele ser preso no último dia 8
com R$ 200 mil numa mala e US$
100 mil escondidos na cueca.
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