São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Tarso ameaça desistir de candidatura no PT

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em mais um dia de crise à frente da sigla, com a renúncia do coordenador da Comissão de Ética, o presidente do PT, Tarso Genro, ameaçou desistir da candidatura à presidência do partido, caso não haja sua "refundação". Ao falar ao Campo Majoritário -corrente que representa na disputa- Tarso lembrou que aceitara concorrer sob condições, como a transparência e a ampliação do diálogo interno e com a sociedade.
"Sou candidato de um programa. Se não for possível [cumpri-lo], [o secretário-geral,Ricardo] Berzoini é meu candidato", disse.
Para ele, "não é momento de queimar pontes". O deputado Devanir Ribeiro (SP), que, ao discursar, criticou a proposta de "refundação" partidária, disse, depois, que, "se Tarso desistir, o Campo trocará de candidato".
No centro da crise, o ex-ministro José Dirceu só chegou no início da noite, após a saída de Tarso.
Numa reunião esvaziada e tensa, Tarso listou suas exigências, como a necessidade de o partido assumir seus erros. Segundo participantes, defendeu a punição dos acusados de envolvimento no escândalo do "mensalão" e citou o deputado Paulo Rocha (PA) como exemplo de um parlamentar que captou recursos para ajudar campanha. Mas será punido.
Apelando para que a corrente não imponha mais suas decisões ao Diretório Nacional, Tarso disse, segundo a senadora Ideli Salvati (SC), que não "basta trocar o comando", mas o partido.
Debilitada, a corrente não conseguiu decidir pelo pedido formal de adiamento da eleição interna, prevista para setembro. Ficou definido que procurariam as demais correntes para sugerir que fosse programada para 9 de outubro.
Num encontro esvaziado -de uma lista de 83 deputados federais e integrantes do Diretório, só foram 31- seus integrantes também não foram capazes de decidir pelo afastamento do ex-tesoureiro Delúbio Soares, defendida por Tarso, Berzoini e o secretário de Comunicação, Humberto Costa.

Comissão de ética
Irritado com Tarso, o coordenador da Comissão de Ética do PT, Danilo de Camargo, resolveu deixar ontem a função até a eleição interna. O depoimento de Delúbio à comissão, marcado para amanhã, está mantido. Um substituto de Camargo será nomeado.
Anteontem, na reunião da Executiva Nacional do PT, três dirigentes do comando que assumiu após a crise -Tarso Genro, Berzoini e o tesoureiro José Pimentel- abstiveram-se na votação que julgava se Camargo tinha ou não isenção para coordenar o processo que investiga Delúbio. O placar foi: seis a favor, cinco por sua saída e quatro abstenções. Camargo informou que concorrerá ao cargo da comissão no PED.
Ele foi questionado por um integrante da Comissão de Ética por ter se reunido em São Paulo com petistas ligados à José Adalberto Vieira da Silva (PT-CE), dois dias após ele ser preso no último dia 8 com R$ 200 mil numa mala e US$ 100 mil escondidos na cueca.


Texto Anterior: Para petistas, crise atingiu governo
Próximo Texto: Reação da minoria: Esquerda do PT faz ato contra corrupção
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.