São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2005

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Discuti Telemig com Valério, diz Horta

DA ENVIADA ESPECIAL A LISBOA

Preocupado com o envolvimento do nome da companhia no escândalo do "mensalão", o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, interrompeu suas férias e disse ao "Jornal de Negócios", na edição que estará nas bancas na próxima segunda-feira, que não se encontrou com Valério em companhia de pessoas do Partido dos Trabalhadores.
"Ia sozinho", respondeu, ao ser perguntado se o publicitário estava acompanhado de políticos quando foi recebido na sede da Portugal Telecom. Na entrevista, ele busca desvincular seu relacionamento com o publicitário Marcos Valério de Souza das discussões políticas no Brasil, qualificando-o como só empresarial.
Perguntado em que condições Valério foi recebido pela Portugal Telecom, se como consultor do presidente, intermediário da Telemig ou outro papel, ele respondeu: "Empresário brasileiro".
Em comunicado distribuído na quinta-feira, a empresa admitiu ter tido contatos com o publicitário, sem especificar quantos nem quando. Extra-oficialmente, disse que ele só foi recebido uma vez, na sede da empresa, em Lisboa.
Na definição de Miguel Horta, Marcos Valério é "um empresário brasileiro, que tem uma grande empresa de publicidade em Minas Gerais e que uma das suas principais contas é a Telemig".
Segundo ele, Valério o procurou porque soube que a Portugal Telecom estava interessada na compra da Telemig, operação que até agora não se concretizou. A Portugal Telecom é sócia da Telefónica de España na empresa de telefonia celular Vivo (a maior do Brasil em número de assinantes, cerca de 28 milhões), e não tem licença para operar em Minas.
"Um dos Estados que nos faltava no mapa era Minas Gerais, e andamos a estudar qual era a melhor alternativa para cobrir esse Estado, se era comprar a Telemig, se era conseguir uma licença [...]. Nessa altura, quando esses contatos tiveram lugar e ele [Valério] -naturalmente porque àquela altura era relativamente público que nós estávamos interessados- contatou-nos e apresentou-se. É um empresário que tinha algum peso, relações e eu recebi-o como recebo dezenas de empresários", disse Horta.
O executivo disse que o grupo Telefónica, que tem 50% da Vivo, não participou do encontro, e que durante a reunião, Valério manifestou interesse em conhecer o então ministro responsável pela área de telefonia, António Mexia, ex-ministro de Obras Públicas e Telecomunicações.

Grande empresário
O ex-ministro António Mexia afirmou ao semanário "Expresso", na edição que chega hoje às bancas, que ficou com a idéia de que Marcos Valério era uma pessoa influente no Brasil, cuja opinião era importante e tida como importante no país.
O "Expresso" foi o jornal que,no dia 16 de julho, noticiou que o ex-ministro Mexia havia recebido Valério na condição de consultor do presidente Lula. O ex-ministro retifica a declaração que lhe foi atribuída, mas sugere que Valério foi apresentado como pessoa de peso no cenário brasileiro.
A Folha tentou entrevistar Mexia ontem, mas ele se mostrou arredio. A ligação caiu assim que a repórter se identificou e, a partir daí, Mexia não atendeu mais.


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