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Discuti Telemig com Valério, diz Horta
DA ENVIADA ESPECIAL A LISBOA
Preocupado com o envolvimento do nome da companhia no
escândalo do "mensalão", o presidente da Portugal Telecom, Miguel Horta e Costa, interrompeu
suas férias e disse ao "Jornal de
Negócios", na edição que estará
nas bancas na próxima segunda-feira, que não se encontrou com
Valério em companhia de pessoas
do Partido dos Trabalhadores.
"Ia sozinho", respondeu, ao ser
perguntado se o publicitário estava acompanhado de políticos
quando foi recebido na sede da
Portugal Telecom. Na entrevista,
ele busca desvincular seu relacionamento com o publicitário Marcos Valério de Souza das discussões políticas no Brasil, qualificando-o como só empresarial.
Perguntado em que condições
Valério foi recebido pela Portugal
Telecom, se como consultor do
presidente, intermediário da Telemig ou outro papel, ele respondeu: "Empresário brasileiro".
Em comunicado distribuído na
quinta-feira, a empresa admitiu
ter tido contatos com o publicitário, sem especificar quantos nem
quando. Extra-oficialmente, disse
que ele só foi recebido uma vez,
na sede da empresa, em Lisboa.
Na definição de Miguel Horta,
Marcos Valério é "um empresário
brasileiro, que tem uma grande
empresa de publicidade em Minas Gerais e que uma das suas
principais contas é a Telemig".
Segundo ele, Valério o procurou porque soube que a Portugal
Telecom estava interessada na
compra da Telemig, operação que
até agora não se concretizou. A
Portugal Telecom é sócia da Telefónica de España na empresa de
telefonia celular Vivo (a maior do
Brasil em número de assinantes,
cerca de 28 milhões), e não tem licença para operar em Minas.
"Um dos Estados que nos faltava no mapa era Minas Gerais, e
andamos a estudar qual era a melhor alternativa para cobrir esse
Estado, se era comprar a Telemig,
se era conseguir uma licença [...].
Nessa altura, quando esses contatos tiveram lugar e ele [Valério]
-naturalmente porque àquela
altura era relativamente público
que nós estávamos interessados- contatou-nos e apresentou-se. É um empresário que tinha algum peso, relações e eu recebi-o como recebo dezenas de
empresários", disse Horta.
O executivo disse que o grupo
Telefónica, que tem 50% da Vivo,
não participou do encontro, e que
durante a reunião, Valério manifestou interesse em conhecer o
então ministro responsável pela
área de telefonia, António Mexia,
ex-ministro de Obras Públicas e
Telecomunicações.
Grande empresário
O ex-ministro António Mexia
afirmou ao semanário "Expresso", na edição que chega hoje às
bancas, que ficou com a idéia de
que Marcos Valério era uma pessoa influente no Brasil, cuja opinião era importante e tida como
importante no país.
O "Expresso" foi o jornal que,no
dia 16 de julho, noticiou que o ex-ministro Mexia havia recebido
Valério na condição de consultor
do presidente Lula. O ex-ministro
retifica a declaração que lhe foi
atribuída, mas sugere que Valério
foi apresentado como pessoa de
peso no cenário brasileiro.
A Folha tentou entrevistar Mexia ontem, mas ele se mostrou arredio. A ligação caiu assim que a
repórter se identificou e, a partir
daí, Mexia não atendeu mais.
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