São Paulo, sábado, 06 de agosto de 2005

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DIPLOMACIA

Reforma do Conselho de Segurança gera lobby em escala planetária

G4 tenta mudar posição de africanos

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

O G4 (Grupo dos 4), formado por Brasil, Alemanha, Índia e Japão, vai tentar nos próximos 40 dias mudar a posição dos países africanos de não apoiar sua proposta de reforma do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
A África detém 53 dos 191 votos da Assembléia Geral da ONU e, sem o aval do continente, o projeto do G4 fica praticamente inviabilizado, já que são necessários dois terços dos votos para sua aprovação. A proposta já enfrenta oposição dos Estados Unidos, da China e dos 11 países reunidos no grupo "Unidos pelo Consenso", que têm sua própria sugestão de reforma do Conselho.
Do lado brasileiro, o contato com os africanos será facilitado pela agenda do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, que até o fim do mês receberá chanceleres ou chefes de Estado de nove países da África.
Na quinta-feira, a União Africana decidiu defender seu próprio projeto de reforma do Conselho de Segurança, que amplia de 5 para 11 o número de membros permanentes do organismo e estende a todos o direito de veto, hoje restrito a Estados Unidos, China, Rússia, França e Inglaterra.
O G4 defendia a mesma posição, mas abriu mão do direito de veto para os novos membros permanentes por 15 anos, com o objetivo de reduzir a oposição ao texto. Se a divisão entre os dois grupos persistir, há o risco de nenhum dos projetos ser aprovado.
Os países africanos criaram um grupo de dez chefes de Estado que terá a missão de buscar apoio à sua proposta, e é possível que a União Africana volte a se reunir no início de setembro.
A esperança do G4 é que, nesse período, os africanos se convençam de que sua proposta não é viável e apoiem sua posição ou que os dois lados elaborem um projeto alternativo.
O "Unidos pelo Consenso" propõe a ampliação de 10 para 20 dos membros não permanentes, que fazem rodízio a cada dois anos e não têm direito a veto.
Os três grupos irão protagonizar nas próximas seis semanas um lobby em escala planetária.
O tempo conspira contra os defensores de reformas mais ousadas. A atual Assembléia Geral, que é a 59ª, termina em meados de setembro. Se as propostas não forem votadas até lá, ela perderão a validade e terão de ser reapresentadas na próxima Assembléia, que marcará os 60 anos da ONU.


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