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DIPLOMACIA
Reforma do Conselho de Segurança gera lobby em escala planetária
G4 tenta mudar posição de africanos
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O G4 (Grupo dos 4), formado
por Brasil, Alemanha, Índia e Japão, vai tentar nos próximos 40
dias mudar a posição dos países
africanos de não apoiar sua proposta de reforma do Conselho de
Segurança da ONU (Organização
das Nações Unidas).
A África detém 53 dos 191 votos
da Assembléia Geral da ONU e,
sem o aval do continente, o projeto do G4 fica praticamente inviabilizado, já que são necessários
dois terços dos votos para sua
aprovação. A proposta já enfrenta
oposição dos Estados Unidos, da
China e dos 11 países reunidos no
grupo "Unidos pelo Consenso",
que têm sua própria sugestão de
reforma do Conselho.
Do lado brasileiro, o contato
com os africanos será facilitado
pela agenda do ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim,
que até o fim do mês receberá
chanceleres ou chefes de Estado
de nove países da África.
Na quinta-feira, a União Africana decidiu defender seu próprio
projeto de reforma do Conselho
de Segurança, que amplia de 5 para 11 o número de membros permanentes do organismo e estende
a todos o direito de veto, hoje restrito a Estados Unidos, China,
Rússia, França e Inglaterra.
O G4 defendia a mesma posição, mas abriu mão do direito de
veto para os novos membros permanentes por 15 anos, com o objetivo de reduzir a oposição ao
texto. Se a divisão entre os dois
grupos persistir, há o risco de nenhum dos projetos ser aprovado.
Os países africanos criaram um
grupo de dez chefes de Estado que
terá a missão de buscar apoio à
sua proposta, e é possível que a
União Africana volte a se reunir
no início de setembro.
A esperança do G4 é que, nesse
período, os africanos se convençam de que sua proposta não é
viável e apoiem sua posição ou
que os dois lados elaborem um
projeto alternativo.
O "Unidos pelo Consenso" propõe a ampliação de 10 para 20 dos
membros não permanentes, que
fazem rodízio a cada dois anos e
não têm direito a veto.
Os três grupos irão protagonizar nas próximas seis semanas
um lobby em escala planetária.
O tempo conspira contra os defensores de reformas mais ousadas. A atual Assembléia Geral,
que é a 59ª, termina em meados
de setembro. Se as propostas não
forem votadas até lá, ela perderão
a validade e terão de ser reapresentadas na próxima Assembléia,
que marcará os 60 anos da ONU.
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