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CPI DO NARCOTRÁFICO
Hildebrando Pascoal (PFL) admite ter usado sua influência para beneficiar condenados
Deputado do AC favoreceu criminosos
WILSON SILVEIRA
da Sucursal de Brasília
O deputado Hildebrando Pascoal (PFL-AC) admitiu ontem, no
segundo dia do seu depoimento à
Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que usou sua influência para favorecer pessoas
condenadas por tráfico de drogas,
homicídio, assalto e contrabando.
Ex-deputado estadual e ex-coronel da Polícia Militar, Pascoal
beneficiou criminosos concedendo-lhes livre trânsito em fronteiras e barreiras policiais e liberando carros e motos apreendidos
pela polícia ou pelo Departamento Estadual de Trânsito.
Diversos bilhetes do deputado
em favor de criminosos foram
apresentados por membros da
CPI do Narcotráfico, que compareceram à Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, que pediam para que ele confirmasse ou
não a autenticidade dos papéis.
Pascoal se mostrou irritado
com a insistência do deputado
Robson Tuma (PFL-SP) em mostrar-lhe os bilhetes.
"Eu não preciso vê-los, eu os assinei sim", afirmou Pascoal, justificando-se: "Bandido não tem
placa na testa". Pascoal foi além:
"Nenhum político aqui é diferente de mim. Não se ganha eleição
com sorriso".
Um dos bilhetes chegou a ser
plastificado, para não ser danificado pelo uso.
Achado pela polícia em poder
de Valmir Pereira Matos, condenado por contrabando e tráfico de
drogas, o bilhete dizia: "Irmãos da
PM, facilitem a passagem de Valmir Pereira Matos".
Outro bilhete foi encontrado
em poder de Firmino dos Santos
Lira, condenado em 1992 por oito
crimes, entre eles homicídio e
narcotráfico.
O bilhete de Pascoal, que também lhe dava livre trânsito no
Acre, foi expedido dois anos depois da condenação.
Acusado de envolvimento com
o narcotráfico e com o esquadrão
da morte no Acre, Pascoal recusou-se terminantemente a abrir
mão de sua imunidade parlamentar para que a Justiça o processe
por acusações menores: desacato
a autoridade, porte de arma ilegal
e resistência ao cumprimento de
ordem de busca e apreensão da
Justiça Eleitoral.
Escopeta
Na véspera da eleição realizada
no ano passado, Pascoal apontou
uma escopeta calibre 12 para policiais federais que foram à sua casa
cumprir mandado de busca e
apreensão.
Em seu carro, na mesma ocasião, foram encontrados dois revólveres calibre 38, também ilegais, usados por dois policiais militares que trabalhavam ilegalmente em sua campanha (eram
pagos pelo governo do Estado).
Embora fossem essas as acusações que provocaram o depoimento na CCJ, Pascoal foi interrogado minuciosamente sobre todas as acusações que lhe foram
feitas por sete testemunhas na
CPI do Narcotráfico.
Seu advogado, Eri Varella, tentou impugnar algumas perguntas
dos membros da CPI, mas a CCJ
rejeitou essa técnica, permitindo
apenas que Pascoal se recusasse a
respondê-las -o que ele não fez.
O relator do caso, Inaldo Leitão
(PMDB-PB), deve dar parecer favorável à licença. Seu parecer será
votado na próxima quarta-feira
pela CCJ e encaminhado ao plenário da Câmara, a quem cabe a
decisão final. Paralelamente, a
Corregedoria da Câmara analisa
pedido da CPI de cassação do
mandato do deputado por quebra
de decoro parlamentar.
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