São Paulo, sexta-feira, 06 de setembro de 2002

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RS

Ex-secretário do governo é sócio de empresas suspeitas de sonegação fraudulenta

Aliado de Britto sofre investigação

LÉO GERCHMANN
DA AGÊNCIA FOLHA, EM PORTO ALEGRE

Cinco empresas prestadoras de serviços de telefonia, três das quais o ex-secretário de Minas, Energia e Comunicações do Rio Grande do Sul Assis Roberto de Souza é sócio, foram alvo de busca e apreensão no dia 29 em razão da abertura de investigações de suposta sonegação fraudulenta.
Souza, que foi secretário, estrategista e um dos homens mais poderosos no governo de Antônio Britto (1994-98), é investigado em conjunto pelo Ministério Público Federal, Polícia Federal, Receita Federal e INSS.
É investigada também, pela DRT (Delegacia Regional do Trabalho), uma suspeita de irregularidade no pagamento de salários das empresas.
O Ministério Público Federal confirma as investigações, mas não dá nenhum detalhe sobre a acusação, como valores que teriam sido sonegados.
Além de ter sido secretário da área e comandado as privatizações da CRT (Companhia Riograndense de Telecomunicações) e de parte da CEEE (Companhia Estadual de Energia Elétrica), Souza foi um dos principais coordenadores da campanha de Britto nas eleições de 1998 -em que ele tentava a reeleição e perdeu para o atual governador do Estado, Olívio Dutra (PT).
Souza vê uma "armação política" na investigação.
Britto, candidato novamente este ano pelo PPS, afirmou ontem que o assunto é ""de uma empresa privada" e que ele não iria se manifestar sobre isso.
As empresas investigadas prestam serviço de telefonia diretamente para a CRT Brasil Telecom, empresa privada que comprou a CRT na época em que Souza estava no cargo.
As empresas investigadas são a Retebras, a Pampa, a Delsul, a ARS e a Expertaise.
Souza é sócio e diretor da Pampa, que controla a Delsul -que, por sua vez, está fazendo os serviços comissionados à Retebras, que, segundo o próprio ex-secretário, quebrou. A ARS é sua, e a Expertaise é uma empresa paulista associada às outras.

Apreensão
As investigações, que foram efetivadas simultaneamente em Porto Alegre, Novo Hamburgo (RS), Tramandaí (RS) e São Paulo, resultaram na apreensão de computadores, disquetes e documentos, que estão sendo analisados.
Contra o ex-secretário, foi aberto também um processo por supostas irregularidades na privatização da estatal CEEE, que corre em segredo de Justiça na 5ª Vara da Fazenda Pública.
A juíza Deborah de Moraes determinou, no dia 28 de fevereiro de 2001, a quebra do sigilo bancário do ex-secretário. Ele não comentou esse caso.


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